| 04/07/2007 00h
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator da CPI do Apagão Aéreo, anunciou que apresentará em breve o seu segundo relatório parcial. O texto, de 250 páginas, apontará entre as causas do apagão que os aeroportos vêm enfrentando "a falta de competência do Ministério da Defesa, o excesso de autorizações de linhas aéreas (especialmente em Brasília e São Paulo), a falta de aeroportos, o boicote dos controladores", entre outros motivos.
A sessão para a leitura do segundo relatório estava marcada para esta terça, mas teve que ser adiada porque o presidente da CPI, Tião Viana (PT-AC), participa de uma reunião da Mesa do Senado, que vai decidir sobre o processo contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
O relatório pedirá ainda uma perícia internacional a ser feita pela Organização de Aviação Civil Internacional (Oaci) nos equipamentos de controle de vôo brasileiros. Torres acredita que não há motivo para alarme em relação a esses equipamentos, mas defendeu a necessidade de mais investimentos na modernização e na manutenção do setor.
O ex-presidente da Infraero Carlos Wilson disse que a infra-estrutura aeroportuária brasileira não suporta o número de passageiros que voam todo ano no país, e criticou o monopólio das companhias aéreas.
Comandante diz que acidente mudou postura de controladores
Na CPI da Câmara, o comandante do Cindacta 4, de Manaus, coronel-aviador Eduardo Antonio Carcavallo Filho, disse em depoimento que, antes do acidente da Gol, os controladores de tráfego aéreo trabalhavam acima da carga normal, que é de 14 vôos por dupla. Segundo ele, desde a tragédia entre o Boeing e o Legacy, há um sentimento de preocupação e eles não aceitam mais trabalhar fora dos padrões.
– Mudou a postura dos controladores. Era situação normal haver mais de 14 tráfegos na região de controle de uma dupla de controladores. A prática de um controle maior era cotidiana e aceita pelo controlador. Agora a postura é preocupação. Qualquer flexibilidade dessas regras é vista como um potencial problema – disse Carcavallo.
O comandante negou que as operações dos controladores que acabam deixando o tráfego aéreo mais lento sejam greves:
– Não existe greve, o que existe é uma preocupação do que pode acontecer em função de eles já terem sido indiciados. Há um zelo maior – disse.
O comandante do Cindacta 3, de Recife, coronel-aviador José Alves Candez Neto, também confirmou que há um cuidado maior dos controladores e que depois do acidente aumentou o número de relatórios de perigos, que são elaborados pelos controladores sempre que há algum problema.
AGÊNCIA O GLOBO