| 28/06/2007 23h13min
Deputados de oposição ao governo federal consideraram que o depoimento do ex-presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), deputado Carlos Wilson (PT-ES), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, da Câmara dos Deputados, não esclareceu as suspeitas de irregularidades em licitações realizadas pela estatal no período em que ele a presidia. Apesar de Wilson ter respondido a todas as perguntas, os deputados disseram que não tinham informações suficientes para o interrogar. Eles reclamaram por o depoimento ter sido agendado antes deles receberem documentos do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União (CGU).
– Para que possamos questionar os fatos, é necessário ter acesso à informação – disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Junto com o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), Fruet solicitou que o Plenário da Câmara peça oficialmente ao TCU e da CGU os pareceres de auditorias realizadas na Infraero.
– Existem mais de 50 auditorias no TCU. Passados quase dois meses da criação da CPI da Câmara ainda não nos deixaram votar o requerimento solicitando essas informações.
Para Fruet, a documentação é importante para que os deputados se inteirem sobre as razões porque o Conselho da Administração da Infraero recomendou o afastamento de suas funções de funcionários de carreira da estatal, supostamente envolvidos com irregularidades.
Para a deputada Luciana Genro (P-SOL-RS), o depoimento foi comprometido por os deputados não terem tido acesso aos pareceres.
– Acho que faltaram elementos para comprovar tanto a veracidade das denúncias, quanto das respostas do deputado Wilson. Vamos ter de continuar as investigações para checar se o que ele falou é realmente verdade.
Para a deputada, uma acareação entre Wilson e a empresária Silvia Pfeiffer seria “muito positiva”. Em depoimento à CPI do Apagão Aéreo do Senado no último dia 21, Silvia denunciou uma série de fraudes em licitações realizadas durante a gestão de Wilson na Infraero (2003-2006).
Relator considera críticas exageradas
Para o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), as críticas da oposição são exageradas. Maia diz que além das informações do TCU e do CGU serem públicas, o tribunal colocou um técnico à disposição da CPI. Maia alega que o fato de a comissão não ter votado o requerimento de informações não atrapalha os trabalhos dos parlamentares.
– Os deputados têm a prerrogativa de pedir todas as informações que acharem necessárias. Eu mesmo estive com o deputado Fruet e com o presidente da CPI, deputado Marcelo de Castro (PMDB-PI), no TCU, onde pedimos as informações.
Durante seu depoimento, o ex-presidente da Infraero apresentou uma certidão do TCU segundo a qual ele nunca foi condenado pelo tribunal. Wilson afirmou que cabe aos órgãos de controle apurar qualquer denúncia contra ocupantes de cargos públicos e que está tranqüilo.
– Não tenho nenhum temor de falar dos três anos que fui presidente da Infraero e não me neguei a responder a qualquer pergunta.
Wilson disse que prestará novo depoimento caso os deputados voltem a convocá-lo após obterem os pareceres do TCU e da CGU. Segundo ele, o ministro Jorge Hage, da CGU, teria o informado de que o órgão jamais recomendou o afastamento de funcionários da Infraero.
– Ele explicou que a controladoria não tem competência para isso. Evitando defender ou julgar os servidores afastados, Wilson disse apenas que é necessário apurar todas as denúncias – disse.
Segundo a própria Infraero, desde dezembro de 2006, oito servidores foram afastados em caráter cautelar de suas funções. Eles continuam trabalhando na empresa.
AGÊNCIA BRASIL