| 27/06/2007 21h15min
Por falta de quorum, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo da Câmara dos Deputados não conseguiu votar na tarde desta quarta-feira uma pauta de 19 requerimentos. A CPI gastou mais de três horas debatendo a denúncia do deputado André Vargas (PT-PR) sobre uma série de mensagens eletrônicas que ele recebeu com a transcrição de emails entre controladores de vôo brasileiros e estrangeiros criticando a segurança do espaço aéreo brasileiro.
Vargas foi criticado pelos deputados Luciana Genro (RS) e Ivan Valente (SP), ambos do P-Sol, por ter cometido o crime de quebra de sigilo de correspondência, ao apresentar "documentos apócrifos", com uma listagem de endereços eletrônicos. Apesar das críticas e dos protestos dos dois parlamentares, a questão não foi resolvida pela CPI.
A série de mensagens eletrônicas, num total de seis páginas, foi, segundo André Vargas, colocada no escaninho (que os deputados têm perto de seus gabinetes, para recebimento de jornais, revistas e correspondências em geral), onde ele mesmo os encontrou.
As mensagens, trocadas entre controladores brasileiros e europeus, inclusive Christoph Gilden - que deu entrevista domingo ao programa Fantástico, da TV Globo, criticando a segurança do controle do espaço aéreo brasileiro - traz sugestões sobre o comportamento dos controladores brasileiros diante da crise gerada desde o acidente do avião da Gol, no dia 29 de setembro do ano passado, quando morreram 154 pessoas.
Há, inclusive, um alerta de um controlador português, que considera um absurdo os controladores darem entrevistas à imprensa em geral, divulgando seus nomes e detalhes de seu trabalho. Na mensagem, ele lembra que um controlador suíço, identificado depois de um acidente ocorrido em seu país, foi esfaqueado até a morte por um parente de uma das vítimas.
A CPI também passou grande parte da reunião com críticas às declarações do suíço Christoph Gilden ao Fantástico, e questionaram até mesmo o papel da imprensa, divulgando esse tipo de notícias. Segundo o presidente da comissão, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), "essas reportagens somente trazem intranqüilidade ao país e aos usuários do transporte aéreo".
Fernando Gabeira (PV-RJ) rebateu as críticas feitas à entrevista, afirmando que o entrevistado era um especialista na área, que deveria "ser respeitado por seus conhecimentos, até prova em contrário". Gabeira disse que não é missão da CPI garantir a segurança do espaço aéreo brasileiro.
– Esse é um papel que cabe às autoridades do setor garantir – afirmou Gabeira.
A partir das 13h desta quinta-feira, a CPI deverá ouvir, em depoimento, o deputado Carlos Wilson (PT-PE), ex-presidente da Infraero, que não pôde depor há duas semanas devido ao falecimento de um irmão.