| 01/01/2007 16h28min
Luís Inácio Lula da Silva tomou posse novamente como presidente da República nesta segunda na Câmara dos Deputados, em Brasília. Após desfilarem no Rolls-Royce presidencial pela Esplanada dos Ministérios, Lula e o vice José Alencar prestaram compromisso de defender a Constituição, observar as leis e defender a democracia brasileira. Em seguida, o presidente do Senado, Renan Calheiros, os declarou empossados no cargo, e Lula proferiu seu discurso.
Lula iniciou falando de sua infância difícil e sua trajetória até a chegada ao poder, além dos desafios no primeiro mandato. E afirmou que a reeleição mostrou que governo que cumpre seus compromissos obtém a confiança do povo.
– É uma responsabilidade tornar-se um presidente com índice de aprovação mais elevado no fim do seu mandato. Cabe-me corrigir o que tem que ser corrigido e avançar com determinação no que está dando certo – afirmou Lula.
O presidente pediu pressa, ousadia, coragem e criatividade para fazer o país crescer neste segundo mandado. Ele disse que, sem renegar a paciência e a persistência que sempre pediu ao país, agora é hora de abrir novos caminhos e crescer com mais velocidade. Lula disse que a economia está mais forte e as instituições, mais sólidas. Segundo ele, o país vive um momento único na economia, com inflação baixa, exportações e mercado interno em alta, ampliação do emprego e consumo popular.
– Em que momento de nossa História tivemos uma conjugação tão favorável e auspiciosa de inflação baixa, crescimento das exportações, expansão do mercado interno, com aumento do consumo popular e do crédito, e ampliação do emprego e da renda dos trabalhadores? O Brasil ainda é igual, infelizmente, na permanência de injustiças contra as camadas mais pobres. Porém é diferente, para melhor, na erradicação da fome, na diminuição da desigualdade e do desemprego. É melhor na distribuição de renda, no acesso à educação, à saúde e à moradia. Muito já fizemos nessas áreas, mas precisamos fazer muito mais – discursou.
Segundo ele, os efeitos das mudanças devem ser sentidos rápida e amplamente. Mas agora a situação está melhor.
– Construímos os alicerces. Precisamos de firmeza e ousadia para mudar as regras e avançar – afirmou Lula. – Crescimento sustentado e duradouro e com responsabilidade fiscal. Disso não abrirei mão de jeito nenhum.
Lula garantiu o fornecimento de energia elétrica pelos próximos 10 anos em função dos projetos que já existem e os que virão. Segundo ele, o Programa Luz para Todos tem como objetivo que, até o fim de 2008, todos os brasileiros tenham acesso à energia elétrica. Lula citou os programas sociais, marcas de seu governo.
Nossa política social, que nunca foi compensatória, mas criadora de direitos, será peça-chave do desenvolvimento do país. O Bolsa Família teve duplo efeito: retirou da miséria milhões de homens e mulheres e contribuiu para dinamizar a economia. Nosso governo nunca foi e nem é populista, mas sim popular com compromisso popular – afirmou Lula, acrescentando ser preciso garantir o crescimento de todos, diminuindo desigualdades entre as pessoas e as regiões.
Um dos compromissos assumidos por Lula foi a melhoria da Educação.
– Educação de qualidade será prioridade. Mas do que a qualificação para o trabalho, é um instrumento de libertação que o acesso à cultura propicia – afirmou, acrescentando que um país cresce quando é capaz de absorver conhecimento, mas cresce mais ainda quando produz conhecimento.
Citou o Fundeb, com o qual pretende aumentar 10 vezes o investimento nas áreas mais carentes de ensino, além da Universidade Aberta, que permite que os professores se reciclem sem sair de sua cidade.
– Quero transformar o Brasil no país mais democrático do mundo no acesso às universidades, com a expansão das bolsas do ProUni – afirmou.
Com relação à saúde e segurança, comprometeu-se a continuar modernizando os dois setores, para que a população, em especial a mais pobre, tenha mais qualidade de vida. No caso específico da segurança, frisou a necessidade do crescimento da cooperação entre a União e os Estados.
Lula destacou a necessidade de uma reflexão sobre as instituições e práticas políticas, e afirmou considerar a reforma política prioritária, convidando a todos para o debate também sobre outras reformas, como a tributária.
Por fim, reafirmou o compromisso com o povo neste segundo mandato que lhe foi confiado.
– Fui reconduzido à Presidência da República pela vontade majoritária do povo brasileiro. O povo fez uma escolha consciente. Mais do que um homem, ele optou por uma proposta. Não desejo que a oposição deixe de cumprir o papel que dela esperam. Peço apenas que concentremos o debate nas coisas das quais o país precisa.
– Eu governarei para todos. Mais do que nunca sou um homem de uma só causa. E esta causa se chama Brasil.
Ocupavam a primeira fila da Câmara Federal ministros como Dilma Roussef, da
Casa Civil, Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, Marina Silva,
do Meio-Ambiente, e Tarso Genro, Relações Institucionais.