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 | 11/02/2005 17h02min

Preços baixos devem trazer prejuízo a produtores de Mato Grosso

Nem a alta produtividade e produção recorde animam sojicultores

O Mato Grosso, líder da produção de soja no Brasil, deve colher uma safra recorde no momento em que oferta da oleaginosa no mercado mundial, projetada para 225 milhões de toneladas, é a maior da história. O fenômeno está fazendo despencar os preços do grão.

Os sojicultores, em conseqüência, alimentam dois sentimentos. Enquanto as colheitadeiras avançam nas lavouras, seus corações vão ficando apertados. Poucas vezes se viu tanta produtividade no campo. Nas primeiras áreas de colheita, em regiões como Sorriso, Sapezal e Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, o rendimento chega a 3,3 mil quilos por hectare. Trata-se de uma produtividade superior à média brasileira, de 2,8 mil quilos por hectare, e acima da obtida no Rio Grande do Sul, de 2,4 mil quilos por hectare.

– É uma supersafra porque o clima foi favorável e o produtor de Mato Grosso aprendeu a controlar a ferrugem asiática ~ avalia o diretor da consultoria Agência Rural, Fernando Muraro.

No entanto, outro golpe na lucratividade da soja foi a desvalorização do dólar frente ao real, o que reduz ainda mais os preços recebidos pelo produtor brasileiro. A saca de soja de 60 quilos chegou a ser negociada por R$ 47 no início do ano passado, porém na semana passada esteve cotada a apenas R$ 23.

– Há risco de preços ainda mais baixos no auge da colheita, com a pressão de oferta – afirma Muraro.

Um levantamento da Agência Rural de Cuiabá alerta que deve haver desembolso por parte do produtor de Mato Grosso nesta safra. Segundo Muraro, com a queda do dólar para patamares próximos a R$ 2,60, a remuneração fica abaixo do custo de produção da soja em diversas regiões.

De acordo com a consultoria, levando em consideração a variação do câmbio, o custo de produção da soja convencional estaria em R$ 23,20 por saca. Caso no período da colheita o preço fique em R$ 22 a saca, o prejuízo ao sojicultor seria de R$ 1,20 a cada saca de soja comercializada.

Com a ajuda do clima e o controle eficiente da ferrugem asiática, a previsão em Mato Grosso é colher 16,5 milhões de toneladas de soja, volume 10% maior em relação a safra 2003/2004 que registrou 15 milhões de toneladas.

No Brasil, a estimativa é produzir entre 62 milhões de toneladas e 64 milhões da oleaginosa nesta safra, quantidade bem maior se comparada ao período 2003/2004 em que a seca no Sul e o excesso de chuvas em Mato Grosso resultaram na colheita de apenas 49,7 milhões de toneladas. O risco de um crescimento menor na safra brasileira depende do resultado da colheita no Rio Grande do Sul, onde a seca já compromete a produtividade das lavouras de soja.

ALESSANDRA MELLO/ZERO HORA
 
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