| 11/02/2005 14h54min
O diretor-presidente da corretora Brasoja, Antônio Sartori, afirmou nesta sexta, dia 11, que os produtores de soja brasileiros não têm condições de suportar por muito tempo a queda na cotação do grão verificada nesta safra. Conforme Sartori, os subsídios concedidos aos sojicultores norte-americanos pelo governo dos Estados Unidos são um dos grandes responsáveis pela supersafra da oleaginosa e pela desvalorização da commodity.
– Em momento de supersafra, os produtores americanos têm uma situação tranqüila porque eles têm um preço de garantia de US$ 12,80 por saca, enquanto o brasileiro tem garantia de R$ 14, ou US$ 5. Normalmente quando o preço da soja no Brasil atinge o preço mínimo, o mesmo acontece com o trigo – destaca Sartori.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) está preparando argumentos para contestar junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) os subsídios nos Estados Unidos. De acordo com a CNA, sem apoio financeiro do governo os produtores americanos plantariam menos soja, o Brasil avançaria em novos mercados e as cotações subiriam.
– Se não houvesse subsídios, os agricultores norte-americanos não poderiam plantar tanto, e não haveria risco de supersafra e a conseqüente queda da cotação da soja – explica Sartori.
De acordo com a ação que a CNA prepara, no Brasil a soja tem um custo de produção de US$ 4,04 por bushel (27,4 quilos), enquanto nos Estados Unidos produzir a mesma quantidade de soja custa US$ 5,79. Sem os subsídios o valor da oleoginosa norte-americana subiria, se tornando menos competitiva no mercado internacional.
A CNA estima que a contestação dos subsídios junto à OMC tenha um custo de US$ 2,5 milhões. A Aprosoja, associação que reúne produtores de soja no Mato Grosso, já recolheu R$ 5,4 milhões em doações de seus filiados – cada produtor deu R$ 1 por hectare para o pagamento da ação. O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), maior produtor individual de soja do mundo, prometeu destinar 5% da arrecadação do Fundo Estadual de Transportes e Habitação (Fethab) para auxiliar a Aprosoja-MT.
– Se não forem tomadas providências para recuperar a cotação da soja, vai haver uma quebradeira generalizada especialmente no Centro-Oeste, e o reflexo vai ser muito forte em todo o agronegócio, nos setores de fertilizantes, máquinas e todo o resto – alerta Sartori.
Com informações da Rádio Gaúcha.
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