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Lula admite erros em reunião com aliados

No encontro do Conselho Político, o presidente lamentou cobrança de movimentos sociais

Na primeira reunião de seu Conselho Político – que reúne representantes dos partidos da base aliada – no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta quinta, dia 6, um mea culpa, dizendo que as mudanças prometidas na campanha eleitoral exigem 15 ou 20 anos e que falou "asneiras" quando estava na oposição.

A reunião ocorreu um dia depois da maior derrota do governo no Congresso – a derrubada pelo Senado da medida provisória que proibia os bingos – mas o assunto não dominou o encontro. O principal tema foi a política econômica.

– Estou dando meu máximo. Já fiz bastante e vou fazer muito mais dentro do que é possível fazer. Mas não dá para atender à expectativa da campanha. As realizações no governo não seguem a mesma velocidade das promessas – desabafou o presidente.

Ao mencionar a oposição, o presidente admitiu ter falado demais, segundo o relato de dois participantes do encontro.

– Quando vejo a oposição na TV, penso: eu fazia igual. Eles estão no papel deles. Já falei muita asneira ao longo de campanha – disse Lula.

Atualmente, lamentou o presidente, são os amigos que mais cobram. Em mais de três horas de reunião, Lula alegou que a austeridade fiscal impõe um freio ao governo. Mas, frisando que prefere a impopularidade passageira ao populismo, avisou que manterá a política econômica.

– Tenho de dizer não aos meus amigos. Não aos amigos da CUT (Central Única dos Trabalhadores), não ao pessoal da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura), do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), do Movimento dos Sem Teto. São os amigos que mais cobram – disse Lula.

E afirmou:

– Se eu quisesse ser demagogo ou populista, seria muito mais fácil. Estaria dizendo sim. E não vivendo este momento de impopularidade. Mas não tenho medo das vaias. Este momento é passageiro. Estou no caminho certo.

O presidente do PT, José Genoino, disse que Lula avisou estar preparado para contrariar entidades com as quais tem boa relação, como MST, CUT e Contag.

– Não vou fazer aventuras por causa das eleições. O caminho econômico está coerente e está produzindo resultados – disse Lula, segundo relato de aliados.

No seu desabafo, Lula prometeu investimentos, mas condicionando as ações à saúde da economia. Foi assim sobre o salário mínimo.

– Para mim, é dureza decidir sobre o salário mínimo. Vocês acham que estou satisfeito? Não. Mas a economia não permite mais – disse o presidente.

Ainda sobre o valor do mínimo, Lula endossou a proposta de desvinculação do salário do valor do benefício da Previdência. Segundo o presidente, a forma de concessão do reajuste tem de ser revista, mesmo que às custas da desvinculação.

Para o presidente do PT, José Genoino, a reunião do conselho serviu para inaugurar uma nova relação do governo com os partidos da base aliada. No encerramento, porém, Lula pediu que os presidentes tomassem cuidado com o que falariam do lado de fora. Na saída, Freire não teve problemas em expor suas divergências.

Com informações de Zero Hora.

 
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