| 21/11/2002 15h37min
Empresários e sindicalistas que fazem oposição ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, decidiram nesta quinta, dia 22, convocar uma greve geral contra o que eles consideram má vontade do presidente em negociar a realização de um referendo sobre o mandato dele. A data e a duração dessa greve deve ser anunciada ainda nesta quinta. Será a quarta paralisação em um ano contra Chávez, um ex-coronel eleito para a presidência em 1998 e que em abril deste ano sobreviveu a um frustrado golpe de Estado.
Chávez diz que a Constituição, escrita já no seu governo, prevê a realização de um plebiscito sobre sua manutenção no poder só a partir de agosto de 2003. O presidente da entidade patronal Fedecamaras, Carlos Fernandez, que faz oposição cerrada ao presidente, disse que a entidade prefere que a greve seja realizada antes de dezembro. O protesto pode durar um dia, mas ser prolongado indefinidamente.
O que não se sabe é se a oposição conseguirá paralisar a importante indústria do petróleo, que responde por 80% das exportações venezuelanas. Na última greve, em 21 de outubro, os petroleiros não pararam, mas Fernandez disse que desta vez conseguiu bastante apoio entre eles, especialmente no Estado de Zulia, oeste do país. O ministro da Energia, Rafael Ramírez, disse que o governo vai colocar em prática planos de contingência para manter as exportações de petróleo.
Políticos de oposição, militares dissidentes, sindicalistas e empresários dizem que a greve é sua única ferramenta para obrigar Chávez a negociar. O presidente venezuelano acusa seus adversários de tentarem desestabilizar seu governo e diz que seus seguidores não vão aceitar o que chamou de greve insurrecional. Ele ameaça ocupar as empresas que pararem. Também há questões práticas ameaçando a greve, já que o varejo pode não querer fechar as portas em plena temporada do Natal. Além disso, grande parte da população pobre ainda apóia Chávez, apesar do desemprego e da inflação em alta.
A crise política faz com que o clima permaneça tenso em Caracas, onde houve violentos confrontos entre simpatizantes e opositores do governo, neste mês. Na semana passada, o governo assumiu o controle da polícia metropolitana da capital, até então subordinada ao prefeito Alfredo Pena, de oposição.
As informações são da Agência Reuters.
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