| 04/11/2002 20h19min
Milhares de adversários do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, marcharam por Caracas nesta segunda, dia 4, para angariar mais de 2 milhões de nomes em um abaixo-assinado pedindo a realização de um plebiscito imediato sobre o governo do ex-pára-quedista de esquerda. Os manifestantes anti-Chávez lotaram uma rodovia de Caracas, enquanto um caminhão envolto na bandeira nacional e com um cartaz onde se lia "Assinaturas para salvar a Venezuela" levava a petição ao Conselho Nacional Eleitoral, no centro da capital.
Chávez, um populista que enfrenta resistência ao seu estilo de governar, insiste que a Constituição só permite que se realize um plebiscito sobre seu mandato em agosto de 2003 – na metade de sua administração – e se recusa a renunciar. Os opositores – uma aliança de partidos políticos, líderes empresariais e oficiais rebeldes do Exército – estão determinados a pressionar por eleições dentro de dois meses e ameaçam convocar uma greve nacional. Apesar do fato de esse plebiscito ser apenas consultivo, a oposição espera alavancar com ele uma rejeição das políticas de Chávez, que estariam conduzindo a nação a um comunismo ao estilo cubano.
A convocação do plebiscito e da antecipação das eleições é a última batalha de uma guerra política que vem sendo travada no quinto maior exportador de petróleo do mundo desde abril, quando o presidente sobreviveu a uma tentativa fracassada de golpe.
Uma pesquisa publicada no último sábado no jornal El Universal, crítico de Chávez, mostrou que 71% dos venezuelanos apóiam a oposição. Mas os oponentes do presidente ainda estão divididos e sem um líder claro para desafiá-lo em uma eleição.
O último desafio a Chávez veio de mediadores internacionais, que tentaram fomentar conversas de reconciliação entre governo e oposição. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Cesar Gaviria, chegou ao país nesta segunda-feira, em nova tentativa de colocar os dois lados na mesa de negociação. Gaviria disse na semana passada que os dois lados estavam próximos de uma conversa, mas qualquer progresso foi obscurecido pela discussão em torno da data de uma possível votação a respeito do mandato do presidente. Autoridades do governo pediram calma aos simpatizantes de Chávez que, nesta segunda, enfrentaram tropas da Guarda Nacional em manifestação contra o referendo, dizendo que não vão permitir que a oposição entre com a petição.
As autoridades eleitorais precisam de 30 dias para verificar as assinaturas e podem autorizar o plebiscito dentro de outros 60 dias.
As informações são da Agência Reuters.
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