| 04/08/2002 20h54min
Uma suposta tentativa de extorsão relatada em reportagens das revistas Época e IstoÉ que chegaram na sexta-feira às bancas foi o tiro de misericórdia na candidatura de Paulo Pereira da Silva (PTB), o Paulinho, a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PPS). O autor da denúncia foi Wagner Cinchetto, fundador da Força Sindical ao lado de Paulinho, mas que se rebelou contra os ex-companheiros depois de ser excluído do comando da entidade.
Segundo Cinchetto, Marcos Cará, outro fundador da Força Sindical que presta assessoria a sindicatos ligados à central sindical, procurou-o na semana passada, por telefone, para tentar marcar uma conversa. Cinchetto concordou em se encontrar com Cará no restaurante Almanara, na Rua Sete de Abril, no centro de São Paulo, na terça-feira.
– Era lá que nós repartíamos os dólares desviados durante a criação da Força Sindical – disse Cinchetto.
Antes de aceitar o convite, ele consultou o procurador do Ministério Público Federal Luiz Francisco de Souza, que o desestimulou a buscar ajuda na Polícia Federal (PF) para armar o flagrante da tentativa de suborno. Cinchetto buscou ajuda de jornalistas. O jantar foi presenciado por um repórter da revista Época com um minigravador no bolso. Durante o jantar, Cará teria dito que falava em nome de Paulinho e que o candidato a vice de Ciro Gomes estava muito preocupado com o arsenal de denúncias produzido por Cinchetto. Na conversa, o ex-sindicalista Cinchetto apresentou um cardápio com 10 denúncias. Cará, então, teria dito que Paulinho estaria disposto a pagar pelo silêncio de Cinchetto a quantia de R$ 3 milhões.
– Dei corda para o Cará, concordei com o suborno, mas não queria ficar com o dinheiro. Meu objetivo é derrubar o Paulinho – disse Cinchetto.
No dia seguinte, segundo ele, Cará foi ao comitê sindical de Ciro logo depois do meio-dia para conversar com Paulinho. Ainda na quarta-feira, sempre segundo Cinchetto, os dois se encontraram em uma pastelaria e combinaram que o dinheiro, em dólares, seria entregue em uma caixa de material de campanha.
Na quinta-feira, Cinchetto anunciou que o negócio estava desfeito, pois havia o risco de Cará ser preso. Não houve pagamento de suborno, não existem provas sobre a veracidade das supostas propostas e não há nada provando que Cará falava em nome de Paulinho.
Por meio do assessor Luiz Fernando Emediato, Paulinho confirmou que se encontrou na terça-feira com Cará na presença de seu advogado, mas negou a tentativa de suborno. O candidato a vice disse que Cará, acompanhado por sua mulher, disse que Wagner Cinchetto faria novas denúncias contra Paulinho, mas que estaria disposto a "negociar", embora não tenha falado em dinheiro. Paulinho disse a Cará que não tinha o que temer pois as denúncias de Cinchetto já haviam sido divulgadas.
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