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 | 24/06/2002 11h16min

Risco-país sobe e está próximo de recorde registrado em 1999

Na época, indicador chegou a 1.770 pontos e Brasil desvalorizou a moeda

O risco-país brasileiro continua subindo nesta segunda-feira, 24 de junho. Pela manhã, o indicador apresentava alta de 2,23% em relação ao fechamento de sexta-feira, situando-se em 1.744 pontos, a apenas 26 unidades do recorde histórico registrado em 14 de janeiro de 1999, quando o país desvalorizou a moeda, segundo informações da Globo News.

O risco-país mede em centésimos de pontos percentuais a diferença entre os juros pagos pelos títulos da dívida brasileira em relação aos do Tesouro dos EUA. Um risco-país de 1.593 pontos indica que os investidores exigem dos títulos brasileiros juros 15,93 pontos percentuais mais altos que os pagos pelo Tesouro dos EUA, cujos títulos são considerados de risco zero.

O dólar comercial começou esta segunda-feira cotado a R$ 2,820. Há pouco, a moeda norte-americana saía a R$ 2,82 na compra e a R$ 2,83 na venda, queda de 0,18% ante o fechamento de sexta-feira, quando a divisa norte-americana alcançou a cotação mais alta desde a implantação do Plano Real, vendida a R$ 2,840.

Investidores estariam cautelosos e avaliando suas posições depois de semanas turbulentas para o mercado financeiro no Brasil. A tranqüilidade aparente desta segunda-feira seria reflexo desta cautela.

Neste fim de senama, foi deflagrada uma operação para reduzir a tensão do mercado financeiro. Da parte da oposição, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas de intenção de votos, antecipou declarações se comprometendo com um superávit primário (diferença entre receitas e despesas do governo sem incluir juros). O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, irá à Europa na quarta-feira, dia 26, para tentar conter a onda de incerteza que provocou uma desvalorização dos títulos brasileiros de mais de 13% em apenas dois dias e aumentou o risco Brasil para 1.706 pontos.

Armínio Fraga, que desembarcará em Londres e tem no programa uma visita a Paris, também estaria preocupado com a redução de crédito internacional para os exportadores brasileiras, justamente o último tipo de crédito a ser afetado em situações de crise. A convergência de objetivos entre o governo e a oposição é resultado da velocidade da deterioração dos títulos brasileiros no Exterior.

Nesta segunda-feira, o presidente do Federal Reserve (Fed) – o Banco Central dos Estados Unidos –, Alan Greenspan , declarou que os riscos do Brasil são 100% políticos. A afirmação pode agitar o mercado financeiro hoje. Há dois dias, o secretário do Tesouro norte-americano, Paul O´Neill, já havia feito declarações semelhantes.  O secretário disse na sexta-feira, dia 21, que a turbulência no mercado financeiro brasileiro é resultado de fatores políticos e não econômicos. Também afirmou ser contra qualquer proposta de ajuda extra do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Brasil.

 
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