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Analistas dizem que tentativa de Lula de acalmar mercado é tardia

Candidato petista apresentou plano de governo neste sábado

A tentativa do candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de acalmar o mercado financeiro, afirmando que honrará todos os contratos firmados pelo Brasil, veio tardiamente. Esta é a opinião de grande parte de analistas e economistas consultados. 

Para o analista econômico da correto Àgora-Senior, Fernando Buarque, se isso tivesse sido feito há um mês, talvez desse certo. Agora funciona como um cala-boca para que Lula prossiga com sua campanha sem levar a culpa das turbulências. Ele acredita que qualquer efeito positivo das declarações de Lula será suplantado no minuto seguinte, já que a especulação virá mais forte. 

O economista da PUC-Rio Luiz Roberto Cunha considerou correta a atitude do candidato do PT, sobretudo ao deixar claro que não existem milagres para o problema estrutural do governo. Segundo Cunha, é difícil avaliar os efeitos. O mercado anda muito irracional e com alto grau de pessimismo, garante.  Cunha observou que a administração da dívida se tornou uma equação difícil, principalmente porque o país atravessa uma crise de confiança. E como o dinheiro tem uma dinâmica própria, diz, não é possível fazer uma leitura concreta de como o mercado vai se comportar. Para o estrategista do banco suíço UBS Warburg, Marcelo Mesquita, o compromisso manifestado por Lula de manter a política econômica vigente no processo de transição de governo não ajuda na totalidade do mercado. Na sua avaliação, o candidato petista precisa provar que as posições econômicas do partido mudaram. E, para ele, só há um jeito: ajudar, com o seu voto, o Congresso Nacional a aprovar a proposta de um Banco Central independente.  

Esta também é a opinião do consultor Julius Buchenrode, da JHB Consultoria de Investimentos. Ele argumenta que não basta apenas o Lula afirmar que não haverá descontinuidade. É preciso o candidato esclarecer à sociedade o que de fato será seu governo, como, por exemplo, o que significa manter os contratos, quem será seu ministro da Fazenda e que propostas efetivas ele apresenta. 

No sábado, quando Lula apresentou o programa de governo, caso seja eleito, o petista adotou um tom conciliador. Ele reafirmou a necessidade de manter o superávit fiscal e primário e propôs "um diálogo" com a sociedade e o governo para evitar o  agravamento da crise no mercado financeiro. Lula garantiu que as premissas da   transição política e econômica do PT, no caso de ele ser eleito, serão o  "respeito aos contratos e obrigações do país".  

 
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