| 20/06/2002 19h08min
O risco-país brasileiro se tornou o segundo maior do mundo nesta quinta-feira, 20 de junho, atrás apenas do argentino (6.062 pontos), aos 1.593 pontos – alta de 15,27%. É o patamar mais alto desde março de 1999, quando risco-país chegou a 1.785 pontos.
O risco-país mede em centésimos de pontos percentuais a diferença entre os juros pagos pelos títulos da dívida brasileira em relação aos do Tesouro dos EUA. Um risco-país de 1.593 pontos indica que os investidores exigem dos títulos brasileiros juros 15,93 pontos percentuais mais altos que os pagos pelo Tesouro dos EUA, cujos títulos são considerados de risco zero.
Entre as razões da perda de confiança está o rebaixamento da agência de classificação Moody's Investor Service, uma das três principais do mundo, que mudou de "estável" para "negativa" sua avaliação sobre a perspectiva da dívida do Brasil representada por bônus, notas e depósitos bancários em moeda estrangeira. A avaliação da perspectiva de depósitos em moeda estrangeiro em bancos brasileiros também foi rebaixada. A agência atribui a redução ao sentimento negativo dos investidores em relação ao Brasil.
Como os investidores se baseiam nas avaliações das agências, forma-se um círculo vicioso. Desde o início do ano, a Moody's já alterou a perspectiva do Brasil de "positiva" para "estável" e agora, para "negativa".
Outra notícia mal recebi foi a manutenção da taxa Selic em 18,5% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na última quarta-feira. O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, indicou um dia antes da reunião do Copom a possibilidade de rebaixar a taxa Selic. Na quarta-feira, o Copom manteve a taxa, mas adotou viés de baixa – ou seja, o BC pode alterar o nível dos juros antes da próxima reunião, em julho. Além disso, duvida-se da capacidade do governo de conseguir rolar (refinanciar) a dívida interna com a colocação de títulos no mercado.
Por fim, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) divulgou nova pesquisa sobre intenção de votos para as eleições presidenciais. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua na liderança, com 39%. O candidato do governo, José Serra (PSDB), preferido pelo mercado, manteve-se estagnado em 19%. Investidores temem que eventual vitória de Lula represente uma mudança drástica na condução das políticas econômica e monetária. Na realidade, com o sentimento de desconfiança que se generaliza, vem ocorrendo deterioração do perfil da dívida interna.
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