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A disparada da moeda norte-americana ante o real, que na última sexta-feira, 21 de junho, chegou a ser cotado em R$ 2,84, será um tormento para as empresas endividadas em dólar ou que não fizeram "hedge" (proteção contra a desvalorização cambial). Levantamento realizado pela consultoria Austin Asis no balanço de 173 companhias de capital aberto mostra o tamanho do problema: a parcela da dívida corrigida pela moeda norte-americana chegou a R$ 64,643 bilhões em março passado, o equivalente a 61,32% do débito total (de R$ 105,419 bilhões). Bem maior do que os R$ 53,775 bilhões, ou seja, 53,22% de todo o endividamento (de R$ 101,044 bilhões) registrados no fim do primeiro trimestre de 2001.
Estima-se no mercado que cerca de 70% dessa dívida tenha algum tipo de proteção financeira para anular a subida abrupta do dólar. O restante, porém, deve determinar a diminuição dos resultados das empresas. Além do impacto direto sobre o volume nominal da dívida, a alta do câmbio influencia também sobre os custos para a importação de insumos e matérias-primas importadas, que dificilmente poderão ser repassados para o consumidor enquanto a economia não mostrar sinais de recuperação.
Para a analista Sueli Melo, responsável pela pesquisa, parte desse efeito já poderá ser conferido no balanço do primeiro semestre. O trabalho da consultoria apresenta as 173 empresas divididas, em 14 setores. Em valores percentuais, o setor de bebidas e fumo registrou o maior aumento da dívida indexada ao dólar. O débito pulou de R$ 1,435 bilhão, em março de 2001, para R$ 3,466 bilhões, uma alta de 141,44%. Também chama a atenção a participação do dólar no total da dívida. Em nenhum dos 14 setores analisados essa participação ficou abaixo de 34,98%, percentual registrado pelo setor de material de transportes. De novo, o setor de bebidas e fumo se destaca: para um débito total de R$ 4,756 bilhões, a indexação a moedas estrangeiras chegou a 72,88% em março, ante 50,69% no igual período de 2001.
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