| 01/02/2013 22h12min
A onda de ataques que deixou o Estado novamente em alerta nesta semana chegou a Joinville. De acordo com informações da Polícia Militar, por volta das 21h30 de sexta-feira, dois homens colocaram fogo em um ônibus no bairro Fátima. Com este, chega a pelo menos 17 o número de ataques, nesta nova onda de atentados que iniciou-se na quarta-feira.
A Gidion, empresa concessionária do transporte coletivo, não confirmou quantos passageiros estavam a bordo do ônibus no momento do atentado. A empresa informou que só irá se manifestar hoje sobre o assunto. Mas a Polícia Militar e os bombeiros confirmam que ninguém se feriu.
— Segundo o relato do motorista, dois homens teriam atirado um coquetel-molotov contra o veículo —, afirma o tenente Daniel Screpanti, da Polícia Militar. Desesperado, o motorista deixou o ônibus e correu, a pé, até o terminal do Guanabara. Da mesma forma, passageiros também teriam corrido, amedrontados.
De acordo com os bombeiros, as equipes utilizaram quatro mil litros de água e levaram cerca de dez minutos para apagar as chamas, que destruíram o ônibus, que ficou parado, no meio da rua, no cruzamento da rua Vicente Leporace com a rua Fátima.
Segundo a polícia, o ataque foi anunciado.
Desde o início da noite, a central de inteligência da Polícia Militar tinha informações de que os ataques começariam por volta das 21 horas. Os policiais também foram orientados a usar coletes à prova de balas. Para inibir as ações, a PM chegou a reforçar a segurança nos terminais e passou a escoltar alguns ônibus, mas isto não foi suficiente para evitar o primeiro ataque na cidade.
Logo após o ataque no Fátima, às 22h30, outra ação foi registrada no bairro Floresta. Segundo a polícia, dois homens tentaram atear fogo em um ônibus da Gidion, na garagem da empresa, situada às margens da BR-101. Como foram vistos, fugiram em direção à rodovia.
Relembre os ataques mais recentes:
Os ataques recomeçaram às 22h de quarta-feira, em Balneário Camboriú, também com um ônibus como alvo. Dois homens armados renderam o motorista, na Rua Dom Henrique, e atearam fogo ao veículo. Os bandidos usavam máscaras do filme Pânico. Um suspeito foi baleado, mas fugiu. O outro foi preso.
Uma hora depois, um ônibus da empresa Rodovel foi incendiado no Bairro Bela Vista, em Gaspar. Vinte minutos depois, no Bairro Figueira, outro veículo foi alvo dos criminosos.
Quase no mesmo horário, em Itajaí, um bar e mercearia localizado no Bairro Cordeiros, em Itajaí, também pode ter sido alvo. De acordo com testemunhas, garotos de bicicleta passaram pelo local na noite de quarta-feira, jogaram garrafas pet com gasolina e depois atearam fogo.
Confira o mapa das ações criminosas desde quarta-feira:
Visualizar Atentados em SC - 2013 em um mapa maior
Ainda em Itajaí, uma viatura da Coordenadoria de Trânsito da prefeitura foi incendiado por volta de 1h30min. O veículo estava no pátio da Secretaria Municipal de Segurança, na Rua Blumenau, quando alguém passou de carro e jogou um coquetel molotov.
Segunda noite de ataques
A delegacia de Camboriú foi atacada e o local isolado depois que uma granada caseira, feita com cano de PVC, foi arremessada. O objeto, que não chegou a explodir, foi encontrado em frente ao muro da delegacia. O fato ocorreu por volta das 23h30.
Cerca de uma hora antes, o incêndio criminoso de um ônibus no Bairro João Paulo, às 22h30min de quinta-feira colocou Florianópolis no cenário da retomada dos atentados terroristas em Santa Catarina. Dois rapazes fugiram em uma moto. Suspeitos de terem participado do crime foram detidos ainda durante a madrugada pela PM. Um deles tinha 23 anos e o outro era um menor, de 17 anos.
::: Confira a galeria de fotos dos atentados em Santa Catarina
Passava das 23h30 quando dois ônibus foram atacados em Palhoça. Um deles era da APAE de Balneário Camboriú que aguardava adesivagem e teve os pneus queimados. O outro, um veículo de turismo, foi queimado próximo a garagem da empresa Jotur.
No Norte da Ilha, dois ônibus da empresa Canasvieiras também foram incendiados por volta de 23h40min. Um atentado aconteceu na estrada Dário Manoel Cardoso, na praia dos Ingleses — onde um rapaz sofreu queimaduras de segundo grau — e outro foi na Rodovia João Gualberto Soares, na localidade do Canto do Lamim. O rapaz de 19 anos foi levado para o Hospital Celso Ramos em estado grave.
A madrugada de ataques terminou por volta das 5h quando uma base da Polícia Militar, em Canasvieiras, foi incendiada. De acordo com testemunhas, quatro rapazes teriam praticado o crime.
Órgãos de Segurança Pública passaram a sexta-feira em reuniões para tentar controlar a nova onda de atentados. As empresas de ônibus reduziram algumas linhas.
Transferências de líderes da facção pode estar por trás da série de ataques. O Comando Geral da Polícia Militar nega qualquer relação com ocorrido em novembro de 2012 ou com o PGC.
Clima de tensão na Capital
Pela Avenida Beira-Mar Norte, a principal da Capital, veículos com sirene aberta passavam de um lado a outro, a toda velocidade, com giroflex acionados. O voo do helicóptero por sobre os prédios também compunha o cenário que confirmava o reinício da onda de ataques do crime organizado.
Uma das barreiras foi montada
na Avenida Mauro Ramos
Foto: Cristiano Estrela/Agência RBS
Em pelo menos quatro pontos da cidade havia fiscalização militar na Capital na madrugada de sexta-feira. Embora não admitam que é uma estrategia para responder mais rapidamente a atentados em Florianópolis, os PMs realizaram, quatro barreiras na cidade, na ponte Pedro Ivo Campos, na Prainha, no bairro Agronômica e na Avenida Mauro Ramos.
Prisões
Até as 21h desta sexta-feira, pelo menos 11 pessoas foram detidas, suspeitas de envolvimento nos ataques. Destes, sete são menores de idade. No celular de um dos presos foi encontrada uma mensagem que autorizava os atentados.
Transporte público
Em uma reunião na tarde desta sexta, Setuf (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis) e Polícia Militar decidiram que, por medida de segurança, os ônibus devem circular normalmente só até às 19h30 desta sexta-feira. Depois deste horário, apenas algumas linhas devem cumprir seus itinerários com escolta policial. No sábado e no domingo, o esquema continua e os ônibus devem circular até às 21h.
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