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 | 01/02/2013 19h52min

Motoristas e cobradores de Florianópolis estão apreensivos

Após ataques de ônibus, ir para o trabalho gerou insegurança e medo entre funcionários das empresas de transporte

Atualizada às 21h08min Gisele Krama  |  gisele.krama@diario.com.br

Durante toda esta sexta-feira, a queima dos ônibus foi o principal assunto entre os motoristas e cobradores das empresas de transporte de Florianópolis. Muitos nem estavam sabendo dos ataques e foram pegos de surpresa com a distribuição dos bilhetes do Sindicato dos Trabalhadores dando orientações aos funcionários.

No Terminal Central, a cena era de apreensão entre os que já vinham de casa informados sobre o que estava acontecendo e também entre os que ouviam com atenção o relato dos colegas. Leonardo Hoffmann, que faz a linha Capoeiras pela empresa Estrela, admitiu que a situação estava complicada. Na quinta-feira ele fez a linha Monte Cristo à meia noite escoltado pela Polícia Militar.

— A gente fica com receio. A gente tem filho e esposa em casa —,  diz o cobrador Cristina da Silva Caldeira, 32 anos.

Edilberto André Ribas, 38 anos, que trabalha na linha Tican-Ticen, conseguiu ficar mais calmo à tarde. Mas destacou que muito dos colegas estão em pânico e não querem trabalhar. Na Emflotur, a situação não era muito diferente. Abraão Hipólito, 39 anos, conta que a familiares ligam toda hora perguntando como ele está.

Euclides Antônio dos Santos, 39 nos, disse sentir muito medo de trabalhar. Ele começou o turno às 16 horas e foi sentido ao Norte da Ilha com receio de a qualquer momento ser pego de surpresa. Várias vezes ele já se imaginou numa situação de ataque, mas não sabe como reagiria no momento.  

— Minha mãe e minha esposa ficam dizendo para eu me cuidar. Mas a gente vai fazer o quê? Tem que vir trabalhar—, desabafou.

Apoio psicológico aos funcionários

A psicóloga da empresa Canasvieiras, Fabíola Polo de Lima, passou a sexta-feira circulando por terminais de ônibus e cuidando do atendimento dos quatro funcionários da empresa que passaram por ataque nos últimos dias. A intenção dela era tentar, o máximo possível, manter a situação sob controle e não causar pânico entre os motoristas e cobradores.

Os fiscais dos terminais também foram incumbidos da tarefa de falar com todos os trabalhadores sobre como proceder em caso de ataque. As orientações são para não reagir e liberar o ônibus o mais rápido possível.

Os quatro funcionários que passaram pelo susto da queima do ônibus nesta semana estão sendo acolhidos por Fabíola e por um médico da empresa. Os que continuarem abalados serão encaminhados para atendimento especializado.

Por causa dos atendados de novembro do ano passado, dois funcionários da empresa ainda continuam afastados em tratamento. O restante retornou ao serviço após serem avaliados.

Relembre os ataques mais recentes:

Os ataques recomeçaram às 22h de quarta-feira, em Balneário Camboriú, também com um ônibus como alvo. Dois homens armados renderam o motorista, na Rua Dom Henrique, e atearam fogo ao veículo. Os bandidos usavam máscaras do filme Pânico. Um suspeito foi baleado, mas fugiu. O outro foi preso.

Uma hora depois e um ônibus da empresa Rodovel foi incendiado no Bairro Bela Vista, em Gaspar. Vinte minutos depois, no Bairro Figueira, outro veículo foi alvo dos criminosos.

Quase no mesmo horário, em Itajaí, um bar e mercearia localizado no Bairro Cordeiros, em Itajaí, também pode ter sido alvo. De acordo com testemunhas, garotos de bicicleta passaram pelo local na noite de quarta-feira, jogaram garrafas pet com gasolina e depois atearam fogo.

Confira o mapa das ações criminosas desde quarta-feira:


Visualizar Atentados em SC - 2013 em um mapa maior

Ainda em Itajaí, uma viatura da Coordenadoria de Trânsito da prefeitura foi incendiado por volta de 1h30min. O veículo estava no pátio da Secretaria Municipal de Segurança, na Rua Blumenau, quando alguém passou de carro e jogou um coquetel molotov.

Segunda noite de ataques

A delegacia de Camboriú foi atacada e o local isolado depois que uma granada caseira, feita com cano de PVC, foi arremessada. O objeto, que não chegou a explodir, foi encontrado em frente ao muro da delegacia. O fato ocorreu por volta das 23h30.

Cerca de uma hora antes, o incêndio criminoso de um ônibus no Bairro João Paulo, às 22h30min de quinta-feira colocou Florianópolis no cenário da retomada dos atentados terroristas em Santa Catarina. Dois rapazes fugiram em uma moto. Suspeitos de terem participado do crime foram detidos ainda durante a madrugada pela PM. Um deles tinha 23 anos e o outro era um menor, de 17 anos.

::: Confira a galeria de fotos dos atentados em Santa Catarina

Passava das 23h30 quando dois ônibus foram atacados em Palhoça. Um deles era da APAE de Balneário Camboriú que aguardava adesivagem e teve os pneus queimados. O outro, um veículo de turismo, foi queimado próximo a garagem da empresa Jotur.

No Norte da Ilha, dois ônibus da empresa Canasvieiras também foram incendiados por volta de 23h40min. Um atentado aconteceu na estrada Dário Manoel Cardoso, na praia dos Ingleses _ onde um rapaz sofreu queimaduras de segundo grau _ e outro foi na Rodovia João Gualberto Soares, na localidade do Canto do Lamim. O rapaz de 19 anos foi levado para o Hospital Celso Ramos em estado grave.

A madrugada de ataques terminou por volta das 5h quando uma base da Polícia Militar, em Canasvieiras, foi incendiada. De acordo com testemunhas, quatro rapazes teriam praticado o crime.

Órgãos de Segurança Pública passaram a sexta-feira em reuniões para tentar controlar a nova onda de atentados. As empresas de ônibus reduziram algumas linhas.

Transferências de líderes da facção pode estar por trás da série de ataques. O Comando Geral da Polícia Militar nega qualquer relação com ocorrido em novembro de 2012 ou com o PGC.

Clima de tensão na Capital

Independente dos autores da ação, a noite de quinta-feira fez os moradores de Florianópolis reviverem o clima instaurado na cidade durante os ataques de novembro do ano passado, quando o Primeiro Grupo Catarinense (PGC) comandou uma série de atentados por três dias em represália à linha-dura da direção da Penitenciária de São Pedro de Alcântara.

Pela Avenida Beira-Mar Norte, a principal da Capital, veículos com sirene aberta passavam de um lado a outro, a toda velocidade, com giroflex acionados. O voo do helicóptero por sobre os prédios também compunha o cenário que confirmava o reinício da onda de ataques do crime organizado.



Uma das barreiras foi montada
na Avenida Mauro Ramos
Foto: Cristiano Estrela/Agência RBS

Em pelo menos quatro pontos da cidade havia fiscalização militar na Capital na madrugada de sexta-feira. Embora não admitam que é uma estrategia para responder mais rapidamente a atentados em Florianópolis, os policiais militares realizaram, na noite desta quinta-feira, quatro barreiras na cidade, na ponte Pedro Ivo Campos, na Prainha, no bairro Agronômica e na Avenida Mauro Ramos.

No terminal da Trindade, o acesso e a saída de ônibus foram interrompidos quase no mesmo horário, sem explicação aos passageiros. 

Prisões

Até a tarde desta sexta-feira, pelo menos oito pessoas foram detidas, suspeitas de envolvimento nos ataques. Destes, sete são menores de idade. No celular de um dos presos foi encontrada uma mensagem que autorizava os atentados.

Transporte público

Em uma reunião nesta tarde, Setuf (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis) e Polícia Militar decidiram que, por medida de segurança, os ônibus devem circular normalmente até às 19h30 desta sexta-feira. Depois deste horário, apenas algumas linhas vão cumprir seus itinerários com escolta policial. No sábado e no domingo o esquema continua e os ônibus devem circular até às 21h.

DIÁRIO CATARINENSE

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