clicRBS
Nova busca - outros

Notícias

 | 03/02/2011 18h42min

Presidente do Egito diz querer deixar o poder, mas teme o caos

Hosni Mubarak afirmou "estar cansado de ser presidente" em entrevista a uma emissora de TV

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, disse nesta quinta-feira em entrevista à rede de TV americana ABC que deseja deixar o poder, mas teme o caos que pode ser criado caso o faça.

O ditador egípcio afirmou "estar cansado de ser presidente" e que gostaria de deixar o poder agora, mas não pode, por temer que o país afunde no caos, informou a repórter da ABC Christiane Amanpour, depois de 20 minutos de entrevista no Cairo.

— Não me importo com o que as pessoas dizem de mim. Agora eu estou preocupado com o meu país, eu me importo com o Egito — disse Mubarak, enquanto violentos protestos contra ele chegam ao décimo dia seguido.

Mubarak disse ainda que seu governo não é responsável pela violência na praça Tahrir, no Cairo, e culpou o grupo oposicionista Irmandade Muçulmana.

— Estou muito triste com (o que aconteceu) ontem. Não quero ver os egípcios lutando entre si — declarou Mubarak, segundo Amanpour.

A entrevista ocorreu no palácio presidencial do Cairo, que está sob forte vigilância, com o filho de Mubarak, Gamal, sentado ao lado do presidente, informou a ABC.

— Eu não pretendia concorrer novamente. Nunca tive a intenção de tornar Gamal presidente depois de mim — disse Mubarak, segundo a repórter.

De acordo com Amanpour, ele disse ter sentido alívio ao anunciar em um discurso à nação feito na sexta-feira que não concorreria novamente nas eleições presidenciais.

Questionado sobre como estava se sentindo, ele respondeu:

— Estou me sentindo forte. Não me candidataria novamente. Vou morrer em solo egípcio.



>>> Mosaico: os protestos no Egito em imagens:

 

>>>Confira a cronologia dos incidentes:

De 17 a 20 de janeiro:

Um homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.

 
Foto: Martin Bureau, AFP

Dia 25:

Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei, milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em Suez e um policial é morto no Cairo.

Dia 26:

As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores, aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são feridos.

Dia 27:

Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União Européia chama atenção para o direito de protestas da população.

Dia 28:

O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reformas.


 
Foto: Reprodução, Egyptian TV

Dia 29:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a rebelião já deixa mais de 90 mortos.

Dia 30:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, visitou um centro de operações do exército e ordenou que o toque de recolher no Cairo, Alexandria e Suez seja ampliado em uma hora. O toque de recolher, instaurado na sexta-feira devido aos protestos da população para exigir a renúncia de Mubarak, foi gradualmente ampliado, mas não é respeitado pela população. Neste domingo, as autoridades egípcias ordenaram à polícia antimotins que volte a atuar em todo o país, depois de dois dias nos quais esteve virtualmente ausente, quando ocorreram diversos saques enquanto o exército lidava com uma revolta popular.

Dia 31:

O movimento contra o regime convocou uma greve geral por tempo indeterminado. Durante a manhã, a emissora estatal egípcia anunciou a formação de um novo governo no país, substituindo o governo dissolvido na sexta-feira. Na mudança mais significativa, o criticado ministro do Interior — responsável pelas forças de segurança — foi substituído.

O exército anunciou que não usará a força contra os manifestantes e declarou que considera as demandas do povo "legítimas". O último provedor de internet egípcio ainda em funcionamento, o Grupo Noor, caiu nesta segunda-feira, deixando o país sem acesso à rede.

Dia 1º:

No oitavo dia de intensos protestos anti-governamentais, mais de 1 milhão de pessoas saíram às ruas de todo país protestando contra o governo, na chamada "Marcha do Milhão". Os conflitos podem ter deixado cerca de 300 mortos, segundo a ONU. No poder desde 1981, o presidente egípcio, Hosni Mubarak, garantiu que não irá tentar a reeleição, em discurso transmitido pela emissora de TV estatal.

Dia 2:

Pela manhã, 500 partidários do presidente egípcio Hosni Mubarak se reuniram no Cairo para manifestar apoio ao governante. O vice-presidente, Omar Suleiman, pediu que manifestantes voltassem para casa devido aos confrontos violentos entre partidários e adversários do presidente. No fim da noite, o Ministério da Saúde do país confirmou três mortos e 639 feridos nos confrontos entre apoiadores e opositores do regime egípcio na Praça Tahrir. Apesar do número oficial, a rede Al Jazeera e jornais como The Guardian e El País falavam em mais de 1,5 mil feridos.

AFP
MOHAMMED ABED, AFP / clicRBS

Manifestantes se enfrentam na Praça Tahrir, no Cairo, epicentro da rebelião popular
Foto:  MOHAMMED ABED, AFP  /  clicRBS


Comente esta matéria

Notícias Relacionadas

03/02/2011 18h30min
Revolta toma conta do mundo árabe
03/02/2011 18h05min
Jornalistas relatam agressões, roubos e humilhação durante cobertura da crise no Egito
03/02/2011 17h18min
"Cairo virou uma cidade sem lei", relata enviado especial atacado no Egito
03/02/2011 15h56min
Vice-presidente egípcio diz que reivindicação dos manifestantes é um "chamado ao caos"
03/02/2011 15h31min
Principal força de oposição é convidada a participar de diálogo com o governo do Egito
03/02/2011 15h21min
Impacto de distúrbios no Egito ainda não está claro, aponta FMI
03/02/2011 14h03min
Egito: Alimentos para os manifestantes de Tahrir são jogados no Rio Nilo
03/02/2011 12h56min
Onda de violência no Egito faz casal de gaúchos retornar ao RS
03/02/2011 11h27min
Primeiro-ministro egípcio propõe diálogo com manifestantes na Praça Tahrir
03/02/2011 10h33min
Em meio a protestos, membros do Hezbollah libanês fogem de prisão egípcia
03/02/2011 09h38min
Oposição egípcia diz que não dialogará enquanto Mubarak não renunciar
03/02/2011 09h10min
Repórter de Zero Hora é atacado no Cairo
03/02/2011 08h04min
Direto do Egito: Acompanhe a cobertura do enviado Luiz Antônio Araújo
03/02/2011 06h46min
Quatro manifestantes morrem em protesto na Praça Tahrir, no Cairo
03/02/2011 05h21min
Confrontos se intensificam ao longo da madrugada na Capital do Egito
02/02/2011 20h11min
Governo do Egito reconhece três mortos e mais de 600 feridos no Cairo
02/02/2011 20h10min
Vice-presidente egípcio pede a manifestantes que voltem para casa
 
SHOPPING
  • Sem registros
Compare ofertas de produtos na Internet

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2011 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.