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 | 03/02/2011 12h56min

Casal de gaúchos retorna ao Brasil devido à violência no Egito

Gerente da Marcopolo Rodrigo Alves e a mulher Andréia Feijó estavam no Cairo desde agosto de 2009

Matheus Beust  |  matheus.beust@zerohora.com.br

As manifestações de opositores e de defensores do regime do atual presidente do Egito, Hosni Mubarak, alteraram bastante a rotina de um casal de gaúchos que reside no Cairo. A onda de violência obrigou o gerente de exportações da Marcopolo, Rodrigo Alves, 38 anos, e a mulher dele, Andréia Feijó, 31, a retornarem ao RS. Os dois devem chegar na tarde de hoje a Porto Alegre.

Alves e outros dois brasileiros que trabalham na fábrica da Marcopolo no Cairo tiveram de voltar ao país para aguardar o término dos conflitos. A decisão de trazer os funcionários partiu da empresa de Caxias de Sul. Por questões de segurança, a unidade na capital do Egito teve as atividades suspensas na última sexta-feira. O local tem 710 funcionários, a grande maioria deles egípcios.

Enquanto esperava em São Paulo pelo voo até Porto Alegre, Alves conversou por telefone com a reportagem. Segundo o caxiense, que estava desde agosto de 2009 no Cairo, moradores estão enfrentando muitas dificuldades e falta de serviços básicos.




— Os protestos ficam mais focados no Centro, mas obviamente sentimos os reflexos em toda a cidade. É difícil se locomover por causa do toque de recolher. Começou a faltar combustível e poderia haver problemas no abastecimento em supermercados. A internet e telefones também estavam cortados. Bancos e lojas fecharam com medo de saques — afirmou.

— Há boatos de que mais de 4 mil presos escaparam das prisões depois de policiais abandonarem seus postos. A gente não sabe onde vai ser o próximo ataque nem qual será a receptividade em relação aos estrangeiros. Fica difícil viver com essa insegurança que tomou conta de todo o Egito — completou.

Por causa do caos nas ruas, Alves e a mulher ficaram isolados em casa. Muitos moradores formaram milícias para tentar proteger suas residências. No condomínio fechado do casal, por exemplo, vizinhos e uma equipe de segurança privada monitoravam constantemente a movimentação de manifestantes.

— Nos dividimos em turnos para a vigília. Na segunda-feira, chegou um tanque do Exército e soldados que ficaram guardando a entrada. Não tinha mais condições de ficar só em casa, sem ter o que fazer. Isso abala o psicológico da pessoa — explicou Alves.

Após ter presenciado de perto a violência que tomou conta das ruas da Capital, o gaúcho disse estar aliviado por retornar para casa.

— Na quinta-feira passamos de carro pelo meio de um protesto. Vi pessoas armadas e carros incendiados. Foi bastante complicado. Sem dúvida, estamos mais tranquilos agora. Vamos ficar na casa de parentes e vou tentar retomar minhas tarefas na sede da empresa em Caxias. A gente não sabe se tudo isso vai durar dias ou meses. Ficaremos ligados nos acontecimentos para poder retornar quando tudo estiver mais calmo — planeja ele.

A mãe de Alves, Iradi Alves, 70 anos, também está retornando com o casal. Ela viajou ao Cairo no dia 22 de janeiro a turismo.

— Minha mãe conheceu muito pouco. Teve tempo de visitar as pirâmides e foi só. Encontramos outra turista que ficou a semana toda trancada no hotel neste momento de crise — lamentou o gerente da Marcopolo.

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