| 03/02/2011 05h21min
Os confrontos entre manifestantes contra e pró o presidente do Egito, Hosni Mubara, se intensificaram na madrugada desta quinta-feira na Praça Tahrir, no centro da capital Cairo. A informação é do site G1 e da agência internacional AFP.
De acordo com a agência francesa, fontes locais teriam informado que pelo menos outras duas pessoas morreram. Se confirmado o dado, o número de vítimas fatais subirá para cinco. No entanto, o governo egípcio não confirmou a informação da madrugada.
Na noite de quarta-feira, o dia mais violento desde o início dos protestos, o Ministério da Saúde egípcio divulgou um boletim com três mortes e 639 feridos. Veículos de comunicação como a rede Al-Jazira os jornais The Guardian e El País apontam que a quantidade de feridos teria passado de 1,5mil.
Dia mais violento
Partidários e adversários do presidente egípcio, Hosni Mubarak, se enfrentaram violentamente na quarta-feira em uma batalha campal, um dia após o chefe de Estado se negar a deixar o poder de imediato, como exigem os manifestantes em protestos multitudinários.
Milhares de partidários de Mubarak, que haviam participado de várias concentrações pela manhã, invadiram no começo da tarde a praça Tahrir, no centro da capital, onde estavam milhares de opositores que ocupavam o local há nove dias. Em questão de minutos, os dois grupos começaram a atirar pedras uns nos outros.
Após o cair da noite, os partidários de Mubarak lançaram coquetéis molotov e também foram disparadas bombas de gás lacrimogêneo.
Duas destas garrafas incendiárias caíram no pátio do museu arqueológico egípcio, que contém riquezas inestimáveis da época dos faraós, mas o fogo não se espalhou.
Os partidários de Mubarak entraram por um acesso vigiado na véspera por soldados que controlavam o acesso à praça, onde meio milhão de pessoas se concentraram para pedir a renúncia imediata do presidente, de 82 anos, no poder desde 1981.
A oposição acusou policiais à paisana de terem se infiltrado na praça, onde já ocorreram confrontos violentos na sexta-feira e no sábado entre os manifestantes e a polícia. Segundo a ONU, os protestos iniciados na terça-feira da semana passada teriam deixado 300 mortos em todo o país.
>>> Mosaico: os protestos no Egito em imagens:
>>>Confira a cronologia dos incidentes:
De 17 a 20 de janeiro:
Um homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.
Foto: Martin Bureau, AFP
Dia 25:
Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei, milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em Suez e um policial é morto no Cairo.
Dia 26:
As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores, aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são feridos.
Dia 27:
Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União Européia chama atenção para o direito de protestas da população.
Dia 28:
O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reformas.
Foto: Reprodução, Egyptian TV
Dia 29:
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a rebelião já deixa mais de 90 mortos.
Dia 30:
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, visitou um centro de operações do exército e ordenou que o toque de recolher no Cairo, Alexandria e Suez seja ampliado em uma hora. O toque de recolher, instaurado na sexta-feira devido aos protestos da população para exigir a renúncia de Mubarak, foi gradualmente ampliado, mas não é respeitado pela população. Neste domingo, as autoridades egípcias ordenaram à polícia antimotins que volte a atuar em todo o país, depois de dois dias nos quais esteve virtualmente ausente, quando ocorreram diversos saques enquanto o exército lidava com uma revolta popular.
Dia 31:
O movimento contra o regime convocou uma greve geral por tempo indeterminado. Durante a manhã, a emissora estatal egípcia anunciou a formação de um novo governo no país, substituindo o governo dissolvido na sexta-feira. Na mudança mais significativa, o criticado ministro do Interior — responsável pelas forças de segurança — foi substituído.
O exército anunciou que não usará a força contra os manifestantes e declarou que considera as demandas do povo "legítimas". O último provedor de internet egípcio ainda em funcionamento, o Grupo Noor, caiu nesta segunda-feira, deixando o país sem acesso à rede.
Dia 1º:
No oitavo dia de intensos protestos anti-governamentais, mais de 1 milhão de pessoas saíram às ruas de todo país protestando contra o governo, na chamada "Marcha do Milhão". Os conflitos podem ter deixado cerca de 300 mortos, segundo a ONU. No poder desde 1981, o presidente egípcio, Hosni Mubarak, garantiu que não irá tentar a reeleição, em discurso transmitido pela emissora de TV estatal.
ZERO HORA
Manifestantes anti-governo e apoiadores de Mubarak se enfrentaram na Tahrir Square, no Cairo
Foto:
Lefteris Pitarakis, AP
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