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 | 17/03/2004 17h55min

Investigação de ataque em Madri mergulha em conexões islâmicas

Autoridades tentam desvendar conexões entre grupos muçulmanos possivelmente ligados ao atentado

Autoridades espanholas e estrangeiras que investigam os ataques a bomba de Madri estão imersas em uma complexa e infindável rede de conexões ligando um marroquino preso a islamistas da Europa, da África do Norte e de outros locais do mundo.

No centro da investigação está Jamal Zougam, 30, que, de acordo com documentos jurídicos e autoridades espanholas, francesas e marroquinas, vem sendo observado há anos em razão de ligações com muçulmanos radicais.

Em agosto de 2001, a polícia vasculhou sua casa em Madri e encontrou vídeos e literatura sobre a militância, além de números de telefones de conhecidos líderes da Al-Qaeda, incluindo o acusado de comandar a rede na Espanha, que depois foi indiciado por causa dos ataques de 11 de setembro daquele ano. Esses detalhes faziam parte de um dossiê de 700 páginas no qual o famoso juiz Baltasar Garzón indiciava 35 suspeitos de pertencer à Al-Qaeda, incluindo Osama bin Laden. Não havia, entretanto, provas suficientes para indiciar Zougam.

O marroquino, descrito por um amigo como "um muçulmano moderno'' que gosta de andar na moda, é um dos seis suspeitos presos até agora acusados pelos ataques a bomba em Madri na semana passada, que deixaram 201 mortos e quase 1,5 mil feridos. Autoridades disseram que chegaram a ele rastreando um telefone celular que funcionaria como detonador de uma bomba que não explodiu.

As ligações detalhadas no dossiê de Garzon são agora essenciais para a investigação dos ataques.

– Neste momento, não podemos descartar conexões internacionais – disse o ministro do Interior, Angel Acebes, nesta quarta, dia 17, afirmando que a investigação está entrando numa fase decisiva. Uma fonte da inteligência internacional disse haver evidências apontando para um fugitivo argelino, Mohamed Belfatmi, como suspeito de planejar os ataques espanhóis.

Belfatmi estava entre as 35 pessoas formalmente indiciadas por Garzón. Agentes de inteligência acreditam que ele ajudou a organizar um encontro em julho de 2001 na Espanha, com a presença de Mohammed Atta, um dos pilotos suicidas que destruíram o World Trade Center dois meses depois. De acordo com Garzón, o argelino fugiu para o Paquistão depois dos ataques aos EUA, e seu paradeiro é desconhecido.

Será importantíssimo para a investigação unir informações dispersas sobre suspeitos, inclusive de observações norte-americanas e da Interpol. Determinantes na condução das investigações também são as informações sobre as dezenas de milhares de militantes que teriam sido treinados em campos da Al-Qaeda no Afeganistão nos anos 1990, hoje espalhados pelo mundo.

Apesar da crescente especulação da imprensa, Marrocos tem tentado desacreditar sugestões de que haja ligação entre os ataques a Madri e uma série de atentados que mataram 45 pessoas em Casablanca em maio do ano passado. Autoridades marroquinas disseram que Zougam está sendo observado há algum tempo por serviços de inteligência, mas a polícia espanhola afirma que seu nome não constava de uma lista de suspeitos dos atentados de Casablanca recebida de Rabat no ano passado. Três suspeitos foram presos na Espanha.

Reportagens publicadas na Espanha nesta quarta afirmam que os ataques podiam ter sido obra do Grupo Combatente Islâmico Marroquino, classificado pelos EUA como uma organização terrorista. Fontes policiais são cautelosas em responsabilizar uma facção.

– O mundo radical islâmico é muito complexo – disse um oficial, lembrando que pode haver uma associação de grupos.

Com informações da agência Reuters.

 
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