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 | 28/12/2009 19h10min

Ano de 2009 é caracterizado por fusões e aquisições entre empresas do agronegócio no Brasil

Fusão entre Sadia e Perdigão foi um dos negócios que criou uma gigante no setor de alimentos

Sebastião Garcia | Videira (SC)

O ano de 2009 promete entrar para a história das grandes empresas do Brasil pela participação no mundo das corporações globais. Foi um período de muitas fusões e aquisições em empresas do agronegócio. Segundo os especialistas,  estas transações comerciais estão em crescimento no país, especialmente nos setores de bebidas, finanças, e principalmente no de alimentos. 

Entre elas, a fusão das companhias que criaram uma gigante do setor de alimentos no mundo: a Brasil Foods. 

O ex-ministro do desenvolvimento e empresário Luiz Fernando Furlan compara a fusão entre as empresas ao casamento, pra justificar a união da empresa da família dele, a Sadia, à outra historicamente rival, a Perdigão. Elas se uniram em maio deste ano.

– Você, ao mesmo tempo em que agrega valores, faz concessões em troca de frutos que vão surgir, que é uma família, que são os descendentes – afirmou o empresário.

A descendente da fusão entre as gigantes do setor de alimentos ganhou um nome meio estrangeiro, Brasil Foods, e nasce como uma das maiores do segmento na América Latina. Vai ocupar o terceiro lugar em abate de aves e será uma das dez maiores do mundo em abate de suínos, com capacidade para exportar para 110 países.

– No fundo, a minha sensação pessoal não é de perda, é uma sensação de ter ajudado a construir algo maior que vai, com o tempo, ser orgulho de todos nós brasileiros – disse Luiz Fernando Furlan.

O endividamento da Sadia foi fator decisivo nas negociações para chegar ao casamento. A Sadia registrou no ano passado perdas de R$ 2,6 bilhões, resultado de operações com derivativos de alto risco. No início deste ano as dívidas da empresa com instituições financeiras chegavam a R$ 8 bilhões. Parte da dívida está sendo paga agora  pela Brasil Foods. E marca o início de outra história.

Geograficamente, entre as duas gigantes do setor de alimentos há uma distância de mais de 200 quilômetros. A Sadia fica em Concórdia (SC) e a Perdigão em Videira (SC). Por mais de 50 anos o que separou as duas empresas também foi a concorrência, a disputa no mercado. Com a fusão, esta distância fica só na história.

Para o mercado interno não haverá mudanças significativas, pelo menos não de momento. O foco com a fusão é o mercado externo.

– Nós estamos autorizados a operar o mercado externo juntos e já estamos fazendo isso desde o mês passado, mas o interno nós operamos absolutamente separados. A Sadia mantém o diretor-presidente, um conselho de administração, mas tem sua atividade comercial e administrativa absolutamente separadas – explicou o Presidente da Brasil Foods, José Antonio do Prado Fay.

Outras grandes no segmento de carnes de frango e de suíno também se uniram este ano com propósito semelhante. Com a intenção de aumentar as exportações de carne in natura e de produtos industrializados, o grupo Marfrig comprou a catarinense Seara, já bastante conhecida no mercado consumidor, e se fortaleceu. A união dá agora à empresa uma capacidade de abate de quase 3 milhões de cabeças de frango por dia, 70% a mais do que antes. O aumento será ainda maior no abate de suínos, chegando a 10 mil cabeças diariamente, com 148% de crescimento.

O negócio eleva também a capacidade de exportação do Marfrig, que assume agora o segundo lugar no ranking, atrás apenas da Brasil Foods.

O advogado, especialista em transações comerciais, como as fusões, diz que estes negócios, somados ao aumento da demanda mundial por alimentos, justificam grandes mudanças nas empresas este ano. Os casamentos, diz ele, são só uma conseqüência e uma tendência.

– Eu diria que o nosso agronegócio está mais profissional, sem nenhuma ofensa a nenhum produtor rural. Ele está mais preparado a competir internacionalmente, com mais qualidade e produtividade. E você não vai mais conseguir fazer isso com uma produção absolutamente diluída com milhares de pequenos produtores, cada um por si. Era um movimento que necessariamente tinha que ocorrer pra você entrar num estágio de produção realmente industrial – analisou o avogado Mario Nogueira.

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