| 28/12/2009 15h11min
O ano de 2009 começou com a preocupação da crise financeira internacional. A queda nos preços dos produtos agrícolas imprimiu declínio de 10% no valor das exportações. Se comparado com os preços vertiginosos e atípicos do ano passado, a redução foi menor do que a expectativa. Estabilizada a situação do comércio mundial, as perspectivas para 2010 devem seguir algumas tendências de 2008, na opinião do secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Célio Porto.
– Naquele ano, a grande elevação de preços teve um fator especulativo embora algumas causas fundamentais permanecessem camufladas pela crise financeira internacional. Passada essa instabilidade, elas voltarão a influenciar os preços agrícolas – diz Porto.
As causas apontadas se referem às mudanças climáticas globais e os programas de fomento ao uso de produtos agrícolas para biocombustíveis. Para o secretário do ministério, elas foram desaceleradas, mas devem ser retomadas com mais força. Há também o aumento do consumo nos países emergentes, principalmente Ásia, por conta do crescimento de renda e migração da população rural.
– A China está sendo o grande motor do crescimento da demanda e dos preços agrícolas no mundo e esse processo continuará – acredita.
O secretário espera que as medidas governamentais de desestímulo à entrada de capital especulativo ajudem o câmbio a ficar mais equilibrado nas exportações de 2010.
– Para o setor produtivo, o ideal é que essa especulação seja isolada e que as medidas do governo evitem a afluência desses capitais de investimento na bolsa prejudicando o lado real da economia, ou seja, a produção interna e as exportações – prevê o secretário.
A reabertura das exportações de carnes bovina e suína para a África do Sul, interrompidas em 2005 por conta dos casos de febre aftosa, é uma expectativa ainda não atendida, apesar das gestões do governo brasileiro. Porto
explica que, tecnicamente, as questões estão
resolvidas e agora depende da decisão política.
– Isso deverá ser uma das nossas prioridades para 2010 – enfatiza.
Para o primeiro trimestre, é esperada a conclusão do processo de abertura das vendas de carne suína para os Estados Unidos, estancada com a mudança de governo. De acordo com o dirigente do ministério, o mercado norte-americano não é significativo para o Brasil, já que é concorrente nas exportações de carne suína. Porém, muitos dos países, que não têm condições de fazer as análises de risco para doenças, seguem os padrões americano e europeu.
A habilitação de plantas frigoríficas de carne suína para a União Europeia também é aguardada e, assim como no caso dos Estados Unidos, abre perspectivas para países, como Japão e Coreia do Sul, além da América Central e Caribe.
– Esse seria o principal ganho de imediato – finaliza Célio Porto.
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