| 29/05/2008 08h18min
A crise entre os ruralistas argentinos e o governo do país entrou em um momento crítico.
Nesta quinta-feira, dia 29, os pecuaristas prometem interromper os negócios envolvendo gado para o abate. Nessa quarta-feira, dia 28, o setor agrícola começou a fazer o mesmo com a venda de grãos, agravando o desabastecimento.
Desde que se iniciaram os protestos contra a alta nos impostos de exportação, há cerca de 80 dias, o clima se torna cada vez mais tenso. Uma falsa ameaça anônima sobre a colocação de uma bomba na sede da Federação Agrária obrigou à evacuação do prédio na tarde de dessa quarta.
Além de ameaçarem parar com as vendas de grãos e de gado no país, os ruralistas preparam concentrações e mobilizações em prefeituras, em governos regionais e no Congresso Nacional. Sem uma solução para a crise, o governo de Cristina Kirchner endureceu sua postura e provocou uma dura reação dos produtores.
Na nota divulgada pelos ruralistas, o grupo acusa o governo de "buscar qualquer justificativa para dilatar soluções" aos problemas apresentados pelas entidades, como as altas alíquotas das "retenções" (imposto de exportação). No contra-ataque, em comunicado do Partido Justicialista (PJ), liderado pelo ex-presidente Néstor Kirchner, os 28 integrantes da mesa diretora do partido assinaram um documento em que acusam os produtores de rurais de golpistas.
Sem solução para a crise, Cristina Kirchner mobilizou a Gendarmeria (polícia federal) para impedir que piquetes interrompam o trânsito de caminhões nas rotas. As associações agropecuárias, que reúnem 290 mil produtores, pediram aos associados que não bloqueiem estradas. Muitos grevistas, porém, se dizem "independentes" e avisam que obstruirão a passagem de caminhões com grãos e de transporte internacional.
Na Bolsa de Comércio de Buenos Aires, já chega a 50% a redução nas vendas de máquinas agrícolas e também nas exportações de carne bovina. O Mercado de Fazenda de Buenos Aires, o maior do país, leiloou ontem 2 mil cabeças de gado, quase a metade do normal, e seus operadores prevêem a paralisação total a partir dessa quarta-feira. No domingo, o setor agrícola argentino deu uma amostra do que prepara. Levou 300 mil pessoas às ruas em um grande ato contra o governo de Cristina Kirchner.
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