| 26/05/2008 06h54min
Em Rosário, à beira do Rio Paraná, as lideranças das quatro maiores associações agropecuárias da Argentina anunciaram nesse domingo, dia 25, durante gigantesca manifestação, que se não houver acordo com o governo retomarão marchas de protesto e os piquetes nas estradas.
Os ruralistas exigem o fim dos aumentos nos impostos sobre as exportações agrícolas e das restrições sobre as vendas de carne e trigo ao Exterior.
Maior porto de cereais do país, Rosário teria reunido, segundo os organizadores do protesto, 300 mil pessoas. Avaliações mais moderadas, no entanto, sustentavam que havia entre 200 e 250 mil manifestantes, o que ainda assim constituiria a maior concentração popular realizada contra um governo desde a volta da democracia, em 1983.
Um comício convocado simultaneamente pela presidente Cristina Kirchner, sob pretexto de celebrar 198 anos do 25 de maio, que marca o início da independência da Argentina, não reuniu mais de 60 mil pessoas em outra província, Salta. Com ar desanimado, Cristina não mencionou diretamente o impasse, mas afirmou que é preciso "deixar de lado interesses de setores" e que existem produtores que têm "uma lucratividade que nunca antes haviam visto".
Encontro de produtores tenta acordo nesta segunda
Na tarde desta segunda-feira, dia 26, haverá uma reunião com líderes ruralistas e representantes do governo para tentar um acordo. Elisa Carrió, líder da centro-esquerdista Coalizão Cívica, afirmou que "a presidente tem dois dias para pacificar o país". Alfredo De Angeli, presidente da Federação Agrária de Gualeguaychú, na província de Entre Ríos, abriu a manifestação em Rosário com um alerta para a presidente:
– Se amanhã (segunda-feira) não aparecerem soluções, na terça-feira (dia 27) começam os protestos! Vamos fazer piquetes nas estradas por culpa do governo! A senhora, senhora presidente, é que não sabe como administrar o país.
De Angeli, considerado o mais carismático líder da mobilização, ficou famoso nos últimos dois meses por realizar piquetes na Ruta 14, conhecida como Rodovia do Mercosul, onde passa a maior parte das mercadorias negociadas entre Brasil e Argentina.
Segundo o jornal argentino Clarín, alguns dos grandes grupos agropecuários da Argentina estão cruzando a fronteira para adquirir terras brasileiras, como Grobocopatel (o maior produtor de soja do país), Cresud, El Tejar e MSU.
ZERO HORA
Na maior concentração realizada desde 1983, os agricultores ameaçam retomar os bloqueios nas estradas nesta terça-feira
Foto:
Matias Sarlo, AP
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