| 22/04/2008 15h25min
O presidente eleito paraguaio, Fernando Lugo, disse nesta terça-feira, dia 22, que governará com um Gabinete de consenso, que delineará uma "política externa diferenciada" e buscará a "integração latino-americana", reafirmando ainda que o preço da energia que o Paraguai dá ao Brasil tem que ser "justo".
Em entrevista coletiva com jornalistas da imprensa estrangeira, o ex-bispo reafirmou que seu gabinete sairá da diversidade da aliança eleitoral que o levou ao poder, e "será o resultado do diálogo sereno e de decisões que podem beneficiar todo o país".
Sobre a exigência de uma revisão do lucro que seu país recebe pelas hidroelétricas de Itaipu e de Yacyretá, que compartilha com Brasil e Argentina, respectivamente, o futuro chefe de Estado paraguaio disse que "tem que haver vontade das partes".
– Achamos que o preço da energia que o Paraguai dá à Argentina e ao Brasil tem que ser um preço justo. O preço justo é o preço de mercado, e não o preço de custo – disse Lugo, em referência aos excedentes de energia que cede aos países vizinhos.
Ele afirmou ainda que "ninguém pode negar relações justas e eqüitativas no marco da racionalidade".
– Continuaremos mantendo boas relações com a Argentina e o Brasil, a disposição de continuar conversando sobre todos estes temas – disse Lugo, ao precisar que as negociações com a presidente argentina, Cristina Kirchner, poderiam começar "na primeira semana da posse".
Lugo, à frente da Aliança Patriótica para a Mudança (APC), acabou nas eleições gerais de domingo passado com uma hegemonia de 61 anos do Partido Colorado.
Embora o Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) tenha sido seu suporte eleitoral, a APC é integrada também por partidos minoritários e cerca de 30 grupos sociais, sindicais e de esquerda, a maioria destes últimos surgidos em torno de sua candidatura.
– Temos um bom tempo, cerca de quatro meses, para pensar bem. A Aliança é uma composição pluralista onde os interesses devem ser pactuados e a formação do gabinete tem que passar por um diálogo, busca de consenso – disse Lugo.
O futuro governante deverá tomar posse em 15 de agosto, enquanto os membros do Congresso assumirão em 1º de julho. O pleito também serviu para eleger governos departamentais, senadores, deputados e titulares do Parlamento do Mercosul, estes pela primeira vez.
Política internacional
Em relação à política internacional, Lugo disse que vão "delinear uma política externa diferenciada", para a qual apostarão no "fortalecimento da região no Mercosul", formado também por Brasil, Argentina e Uruguai.
– O Paraguai deve ser conhecido não somente por seus aspectos negativos como corrupção, ilegalidade, contrabando e tráfico de drogas, mas pela grandeza de seus valores – ressaltou o ex-bispo da diocese de San Pedro (centro), a região mais pobre do país.
Ele acrescentou que, em seus planos, também está "o sonho da integração latino-americana", e destacou que seu país buscará "ter relações com todos os países abertos ao mundo e sem pressão".
Nesse sentido, Lugo reiterou sua decisão de promover uma aproximação institucional com a China, sem atingir ass relações com Taiwan, que tem no Paraguai o único aliado na América do Sul, ao ressaltar que o novo governo de Taipé "aparentemente tem certa abertura" com Pequim.
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