| 22/04/2008 06h42min
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, surpreendeu nessa segunda-feira, dia 21, ao informar que o Brasil vai abrir negociações formais para reajustar o preço da energia elétrica de Itaipu comprada do Paraguai - uma aparente contradição em relação a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva feitas apenas poucas horas antes.
O reajuste do preço é uma reivindicação do presidente eleito do Paraguai, o ex-bispo católico Fernando Lugo. Conforme Amorim, a decisão política estaria tomada, e o que o governo vai discutir com Lugo "é a maneira de fazer" o reajuste - mas sem reescrever o tratado de Itaipu.
– Devemos fazer com que o Paraguai obtenha o máximo de benefício em função da sociedade que eles têm conosco em Itaipu – disse o chanceler em Acra, capital de Gana (África Ocidental), onde participou, junto com Lula, de uma reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
Mais cedo, também em Gana, Lula havia sido claro ao dizer que não vai mexer nos acordos que levaram à construção da hidrelétrica binacional, nas décadas de 70 e 80. Ele não falou na questão dos valores pagos ao Paraguai, mas esse é, justamente, o ponto mais importante do acordo.
– Nós temos um tratado, e o tratado vai se manter. Nada muda – declarou o presidente.
Em 2007, o Brasil pagou US$ 307 milhões pela energia paraguaia de Itaipu, mas Lugo chegou a falar, durante a campanha eleitoral, em um valor anual "justo" em torno de US$ 2 bilhões. Pelo acordo atual, em vigor até 2023, os dois países dividem igualmente a energia produzida, mas o Paraguai, que só consome 5% da energia total, é obrigado a vender ao Brasil os 45% restantes a um preço praticamente de custo.
ZERO HORA
Cartazes de campanha de Lugo, fixados ainda nessa segunda-feira nos muros de Assunção, exigem renegociação do tratado de Itaipu
Foto:
Adriana Franciosi
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