A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) recebeu com preocupação a notícia de que o Estado possui o menor índice de produtividade entre as regiões afetadas pelos efeitos climáticos. O estudo, ainda preliminar, realizado pela Embrapa em Estados prejudicados pelo clima, aponta que os agricultores gaúchos produzem a metade do que produzem Estados como os do Centro-oeste.

O problema, no entanto, não está na seca ou no excesso de chuva. De acordo com o estudo, os produtores gaúchos não adotam as melhores técnicas de plantio e por isso amargam problemas no rendimento.

O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, disse que não foi informado sobre o estudo e que não conseguiu falar com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Ele não questiona a instituição Embrapa, a quem reputa grande credibilidade, mas contesta os dados da pesquisa, dizendo que estão distorcidos e fora da realidade.

O principal argumento de  Sperotto é que foi levada em consideração apenas a soja, cultura em que o RS tem realmente uma produtividade inferior.

— Você pega um isoladamente e traz o anúncio de que o Rio Grande é o que tem uma posição de produtividade neste produto menor. Só que o fato é que nós produzimos 18 produtos a mais no decurso do ano por hectare — afirmou o dirigente.

Sperotto diz que o RS chega a ter em dois anos cinco safras, totalizando 13 toneladas por hectare, enquanto Estados do Centro-oeste produzem apenas uma safra por ano com quatro toneladas por hectare. Os produtores gaúchos farão o contato a partir desta segunda, dia 16, com a Embrapa, para saber qual foi a intenção da divulgação do estudo.

O trabalho da Embrapa analisou as variações climáticas em cinco Estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Enquanto no Centro-Oeste os agricultores conseguem colher até quatro mil quilos de soja por hectare, o Estado chega apenas à metade.

Para aumentar os resultados nas lavouras gaúchas, o Ministério da Agricultura quer que os produtores melhorem as técnicas de cultivo. O foco é incentivar a integração lavoura-pecuária, além do chamado plantio direto de qualidade. Nesse tipo de manejo, os produtores não utilizam arado e aproveitam a palha da cultura anterior para fazer o plantio.

O Ministério ainda recomenda que os agricultores utilizem bastante palha para deixar o solo rico em nutrientes. O estudo da Embrapa também indica a necessidade de investimento em fertilizantes e em sementes adaptadas ao clima.