| 21/10/2009 17h13min
O governo vai leiloar 700 mil toneladas de trigo por meio do Prêmio de Escoamento de Produto (PEP). A medida pretende ajudar produtores do grão que enfrentam dificuldades por causa dos preços baixos. Durante audiência pública, em Brasília, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, criticou a indústria moageira e garantiu que o preço do pãozinho não deve aumentar.
Os produtores de trigo do Paraná entregaram ao ministro uma lista dos problemas do setor. O Estado é responsável por 65% da demanda brasileira e enfrenta perdas causadas pelo excesso de chuvas. Os produtores reclamam da falta de dinheiro para mecanismos de garantia de preço mínimo, fixado em R$ 530, valor que, segundo eles, mal cobre os custos de produção. Outra preocupação é com o destino a ser dado ao produto que perdeu qualidade.
– Necessitamos de atitudes, por parte do governo, para que se possa escoar a produção de trigo baixo padrão, acometido pelas doenças e pelo excesso de chuvas, para liberar os armazéns e não competir diretamente com a safra de milho sendo plantada – afirma o presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ivo Carlos Arnt Filho.
Reinhold Stephanes explicou que o governo trabalha para suspender a licença de importação automática de trigo da Argentina e aumentar para 35% a taxa cobrada na compra de países de fora do Mercosul.
– Uma questão é a entrada de trigo. A segunda é nós comercializarmos o trigo que já está em estoque desde o ano passado como o trigo que foi produzido este ano e que tem condições de ser usado para pão e massas. E outra questão adicional que não é nova é a questão do trigo que perdeu muita qualidade.
O ministro criticou a indústria e afirmou que só vai ser possível defender a redução da taxa de importação do produto se houver transparência em relação aos estoques privados.
– É importante que a indústria nos informe dos estoques ou, pelo menos, dos estoques aproximados para facilitar uma política exatamente, uma integração entre toda a cadeia da produção.
A estimativa é que hoje, pelo menos dois milhões e meio de toneladas do grão, quase metade da safra, não tenham mercado no país. A indústria defende a retirada da alíquota de importação, alegando a falta de trigo no Mercosul e a necessidade de buscar produto mais barato em outros mercados.
A Associação de Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) afirmou que o governo pode acessar dados de demanda e consumo a qualquer momento e que, para ter informações precisas sobre o estoque, basta enviar ofício à entidade.
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