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 | 20/10/2009 19h26min

Interferência do governo no mercado de etanol desagrada o setor

Especialistas se reuniram para discutir os rumos do setor sucroalcoleiro em seminário em São Paulo

Atualizada em 20/10/2009 às 20h07min Renata Maron | São Paulo (SP)

Representantes da indústria de açúcar e álcool criticam a idéia do governo de interferir no mercado para baixar o preço do etanol. Nesta terça, dia 20, em São Paulo, especialistas se reuniram para discutir os rumos do setor sucroalcoleiro em seminário organizado pela consultoria Datagro.

Atualmente, dois assuntos preocupam o empresário Maurilio Biagi. Ele teme que o governo diminua a mistura do álcool a gasolina, hoje em 25%, e que baixe o preço do concorrente do etanol.

— Diminuir a mistura em plena safra enquanto nós estamos  produzindo ainda seria um absurdo total, uma falta de visão de conjunto do governo. Enquanto os preços estavam abaixo do custo, não houve nenhum assunto a este respeito — disse Biagi.

Para a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), não existe risco de falta de etanol no mercado. Também não deve ser necessário importar o combustível. Por isso, o presidente da Unica, concorda que reduzir a mistura seria um erro.

— A gente acha que mexer nessa mistura é sempre um trauma para os produtores e para o consumidor. Por isso, gera incertezas. Nós achamos que deve ser feito em casos extremos, em absoluto porque anunciou alguma importação de álcool, que inclusive não aconteceu — explicou Jank.

De acordo com a Unica, o preço do etanol está mais alto por causa da chuva, que diminuiu o trabalho nas usinas e afetou a qualidade da cana colhida. Os especialistas acreditam também que o movimento de alta é um ajuste do próprio mercado, que operou com preços mais baixos nas últimas duas safras. Ainda faltam processar 30% da safra, mas as usinas projetam que 50 milhões de toneladas de cana não vão ser moídas. Consultorias como a Datagro já revisaram as projeções para baixo. A empresa prevê para a safra 2009/2010 uma produção entre 24,9 bilhões e 25,5 bilhões de litros do combustível (24,92 e 25,54 bilhões de litros). Para o açúcar, o cálculo fica entre 32,9 e 33,7 milhões de toneladas.

A consultoria Datagro ainda projeta para a próxima safra um déficit mundial de açúcar. Esse volume é de sete milhões de toneladas. Isso significa, segundo a consultoria, que os preços para o açúcar devem continuar firmes.

— Embora o Brasil esteja fazendo o máximo de esforço em produzir açúcar e atender o déficit mundial dessa safra e da próxima, esse esforço não será suficiente para cobrir o déficit mundial que é de sete milhões de toneladas. O máximo que o Brasil pode aumentar é de três a 3,5 milhões de toneladas — afirmou o presidente da Datagro, Plínio Nastari.

Os representantes do setor acreditam que a safra 2010/2011 tende a ser remuneradora tanto no açúcar quanto no etanol.

— É a safra que todas as perspectivas são altamente positivas. Será a oportunidade do setor se capitalizar e depois de anos sem remuneração, voltar a ser uma atividade sustentável e remunerada — concluiu o diretor técnico da Unica, Antônio de Pádua.

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