| 05/10/2009 19h38min
O governo prepara novas regras para apoiar a produção de orgânicos. Mesmo com crescimento do mercado, agricultores familiares sofrem com a falta de crédito e assistência técnica.
Há seis anos, o produtor Divino Fernandes Alves trabalha com agricultura orgânica. Na propriedade de seis hectares, próxima a Brasília, ele faz tudo conforme as regras da produção desse tipo alimento: nada de produtos químicos e os empregados trabalham mediante contrato. A família também ajuda na produção e todo o espaço é aproveitado: há milho, batata inglesa, goiaba, vagem, morango.
– Ao todo, a produção chega a umas 100 toneladas. Umas 30 toneladas de morango, umas 30 de batata inglesa e outras coisas: vagem, abóbora, pepino, melancia, goiaba – explica ele.
O sonho do seu Divino é dobrar a produção de alimentos. Mas sem assistência técnica ele sabe que isso está longe de se concretizar. O problema enfrentado pelo produtor é o mesmo que, segundo o IBGE, atinge milhares de produtores em todo o país e que dificulta o desenvolvimento da agricultura orgânica. Assim como outros agricultores, seu Divino também enfrenta restrições de crédito, porque ainda não conseguiu o título da propriedade.
– Tem essa sobra de morango que a gente poderia industrializar, mas eu não tenho essa agroindústria. Quando eu chego ao banco com o documento que tenho de propriedade, sou embargado. Eu estou limitado, não posso ter nenhum financiamento porque eu não tenho nada para garantir – afirma ele.
De acordo com o último Censo Agropecuário, esses entraves limitam a produção de orgânicos no país. Quase tudo é cultivado, em pouca quantidade. Em larga escala são produzidos apenas soja, arroz, açúcar e mel, que têm como principal destino o mercado externo. O Ministério da Agricultura reconhece o problema e diz que, em janeiro, uma Instrução Normativa vai entrar em vigor para dar apoio aos agricultores.
– A gente pensa que, com a chegada da legislação, vamos ter mais instrumentos para buscar apoio para o preparo e capacitação destas pessoas. Também nós, do Estado, teremos como levar formação a estas pessoas e treinar os produtores, pois há uma demanda muito grande por conhecimento nessa área – afirma o coordenador de Orgânicos do Ministério da Agricutura, Roberto Mattar.
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