| 03/08/2009 16h44min
A cada safra, a sojicultura, principal atividade econômica do Estado de Mato Grosso, perde US$ 1 bilhão devido à precária logística de escoamento. Conforme a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), estes valores deixam de circular no bolso dos produtores e se evadem da economia estadual, cujo desempenho é diretamente atrelado à performance do campo.
Esse gargalo projeta um cenário em que, em pouco tempo, não haverá mais condições de dar vazão à produção agrícola mato-grossense, que tem potencial de ampliação no volume de grãos de até 50% sem abrir um hectare de terras. A falta de logística consome a renda agrícola, o que leva as entidades do segmento a atuarem também na busca por soluções para o fim dos gargalos, frisa o coordenador da Bienal dos Negócios da Agricultura, Ricardo Arioli Silva.
A preocupação com o tema é tão grande que novamente o assunto integra a programação do evento, considerado o maior
congresso técnico-científico do
Estado, e focado na Renda Agrícola nesta edição. Realizada pela Famato de 19 a 21 de agosto, a Bienal dedica uma manhã à logística. Das 8h às 9h30, será realizado um painel que busca entender a influência dos gargalos de logística sobre a produção agrícola.
O vice-presidente Leste da Aprosoja, Marcos da Rosa, fará uma palestra sobre "As alternativas de Logística de Transporte em Mato Grosso: como o produtor se beneficiará?". Em seguida, um painel de discussão será formado, coordenado pelo presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Carlo Lovatelli, entidade parceria do evento.
Entre os debatedores, já confirmaram presença Paulo Capriolli, da Vale do Rio Doce, Luiz Antônio Pagot, diretor geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), Homero Pereira, presidente da Frente Parlamentar de Logística de Transportes e Armazenagem (Frenlog), Fernando Antônio Brito Fialho, diretor geral da Antaq, e Biramar
Nunes de Lima, Secretário
Executivo da Câmara Temática de Infra-Estrutura e Logística do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O impacto das deficiências de logística sobre a produção agrícola coloca em xeque o bom desempenho dos produtores, como revelam dados da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT).
Como explica o presidente da entidade, Glauber Silveira, o gasto com o frete, atualmente em torno de US$ 120 até Paranaguá (PR), consome 38 sacas de soja, ou seja, é necessário colher 38 sacas apenas para custear o frete, fora os outros gastos com insumos, que são onerados justamente por conta do escoamento. Silveira revela que se o produtor conseguir economizar cerca de US$ 20 em frete por tonelada de soja escoada, Mato Grosso terá uma circulação de cerca de US$ 1 bilhão a cada safra, o que, ao longo de 10 anos, resulta em US$ 10 bilhões.
Além das perdas diretas com o escoamento dos grãos, perdemos
também no momento em que os insumos
são adquiridos, pois os fretes contabilizam, além da distância, as condições de trafegabilidade, pontua.
A Bienal dos Negócios da Agricultura é realizada em parceria com as associações dos produtores de soja (Aprosoja) e algodão (Ampa) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
Mais de mil participantes são esperados para o evento, incluindo os 500 maiores produtores rurais mato-grossenses. Além do tema de logística, o evento coloca em debate outras vertentes do segmento agrícola e que também exercem influência sobre a renda do campo, como fertilizantes, gestão rural, mercado de commodities e sustentabilidade ambiental.