| 10/07/2009 09h43min
A crise internacional afetou o setor algodoeiro no Brasil, que sofreu uma redução de 23% na área plantada este ano e vai perder cerca de 400 mil toneladas na produção em relação a 2008.
– Pelo menos metade dessa redução é em função da crise e a outra metade em função da queda da produção brasileira – disse à Agência Brasil o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha.
Ele afirmou que o setor está sobrevivendo graças a algumas iniciativas para redução de custos e ao apoio governamental na comercialização. Não há, segundo Cunha, perspectivas de recuperação para a próxima safra, uma vez que a crise externa tem efeitos negativos sobre o consumo de têxteis e isso acaba afetando o preço do algodão.
– Nós temos que trabalhar para criar um cenário favorável e voltar a expandir em 2011 – destacou.
No comércio exterior, as perspectivas são de vendas em torno de 400 mil toneladas este ano, contra 530 mil toneladas no ano passado.
– Não caem muito porque as exportações são definidas com um ano ou dois de antecedência – explicou o presidente da Abrapa.
A maior preocupação é com o que ocorrerá em 2010. Cunha afirmou que esse cenário vai depender de alguns fatores que estarão definidos até outubro e que irão mostrar a área a ser plantada, a participação dos produtores nas exportações e os contratos que vão ser feitos.
A expectativa da Abrapa para a atual safra é de cerca de 850 mil hectares plantados, com 1,2 milhão de toneladas. Os números apresentam redução em relação à safra anterior, que atingiu área plantada de 1,077 milhão de hectares, com produção de 1,6 milhão de toneladas. Confirmam também perda de produtividade em alguns Estados, como a Bahia.
Cunha informou que, a curto prazo, uma iniciativa que está sendo testada este ano para reduzir o custo da produção é o plantio do algodão adensado, ou seja, o cultivo de um número maior de pés de algodão em menor espaço.
– Consiste em dobrar a população de algodão por hectare. Com isso, a gente reduz o ciclo da cultura. E, dessa maneira, você vai reduzir não só fertilizantes, mas também os defensivos que são aplicados.
A médio prazo, a Abrapa está trabalhando em um programa para controle do bicudo (praga de maior incidência na cultura do algodão), que reduziria o número de pulverizações durante o ano. Outra alternativa está relacionada à aprovação de transgênicos.
O Brasil é atualmente o quarto maior exportador mundial de algodão e o quinto maior produtor. Os países africanos ocupam, em conjunto, a quarta posição no ranking internacional de produtores de algodão.
AGÊNCIA BRASIL