| 08/07/2009 19h12min
No setor rural, as agroindústrias devem ser as mais beneficiadas se o governo desonerar a folha de pagamento em 2010. O governo estuda uma redução no custo de contratação dos trabalhadores pelas companhias. As empresas recolhem atualmente 20% sobre a folha salarial dos empregados formais para a previdência.
A medida é para estimular a economia. Porém, a proposta sofre barreiras, já que ainda não foi definido como esta perda será compensada. Segundo o governo, a estimativa é de que cada ponto percentual na contribuição das empresas represente uma baixa de R$ 3,8 bilhões nas receitas da previdência. Se a proposta entrar em vigor com a redução entre 2 ou 3 pontos percentuais, a queda na arrecadação anual pode ficar entre R$ 7,6 bilhões e R$ 11,4 bilhões.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o ministro da Fazenda Guido Mantega disse que o governo brasileiro está preparando grandes cortes nos custos trabalhistas. Isso seria uma forma de estimular a produtividade e o crescimento econômico. Mantega também afirmou que as medidas de curto prazo, adotadas pelo país, serviram de impulso durante a crise. Segundo ele, agora é a hora de trabalhar as medidas para o período pós-crise e explorar as oportunidades oferecidas ao Brasil.
O impacto no setor rural pode ser pequeno. Para o pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA) José Sidnei Gonçalves, o motivo é a informalidade. No agronegócio, as agroindústrias seriam as mais beneficiadas.
— Toda a agroindústria vai ser beneficiada com essa desoneração. E que numa economia em crise, isso leva você a ter uma melhor condição de competitividade quando essa economia alavancar, quando ela crescer, você tem uma maior possibilidade de ampliar o emprego — disse o pesquisador do IEA.
Para o economista e ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto, apesar de o Brasil ter um dos maiores impostos sobre o salário do mundo, não acredita em redução neste momento.
— Agora, seguramente quando o Brasil caminhar para um sistema tributário um pouco melhor, ele vai ter que enfrentar esse problema. Aqui, na verdade o problema da Previdência já é grave, mas vai se agravar muito. O Brasil está envelhecendo rapidamente e, o que é grave, está envelhecendo sem ficar rico — completa Delfim Netto.
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