| 30/06/2009 19h29min
Desde o início do ano, o preço do leite subiu quase 50% em algumas capitais brasileiras. Ruim para o consumidor e também para o produtor, já que os reajustes não foram repassados para quem vive da produção leiteira.
O sítio do produtor Elmiro Ferreira fica em Viamão, cidade vizinha a Porto Alegre. Ele tem 30 vacas que produzem 400 litros de leite por dia. Porém, o que ganha com a venda mal cobre os custos de produção.
— A ração subiu, a cevada subiu, o adubo e a uréia que subiram muito. O preço do leite baixou na base de R$ 0,10 o litro. Estou só trabalhando para trocar dinheiro, não há lucro, só vou mantendo o que tenho. Agora eu recebi R$ 0,70, mas não poderia ser menos de R$ 0,90 a R$ 1 o litro para poder manter tudo em dia — disse Ferreira.
A situação é difícil para o produtor, mas o consumidor também reclama. O preço do leite chegou a subir 41% em algumas capitais no acumulado deste ano.
De acordo com o índice de preços ao consumidor amplo, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em média, a alta no país foi de 22,5% em 2009, um aumento que ficou longe do produtor.
— O produtor ainda está sofrendo com o baixo preço porque não foi repassado o valor ou o percentual como foi aumentado para o consumidor, nem pelas empresas que industrializaram o leite, nem pelas grandes redes de supermercados. Isso acontece de uma forma muito ruim. O agricultor mal consegue cobrir os custos de produção e o consumidor está pagando muito. O dinheiro ou o que está sobrando fica com o intermediário, entre a indústria e o atacado. Então, isso é muito complicado e nós prevemos que o produtor com isto até não vá conseguir pagar suas obrigações com investimentos feitos anteriormente — afirmou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Elton Weber.
O presidente do Conselho Estadual do Leite do Rio Grande do Sul, Carlos Feijó, diz que a estiagem na região contribuiu para reduzir a oferta de leite que no inverno tem o período de entressafra.
— Num primeiro momento, os criadores todos entenderam que poderia haver uma falta, ninguém sabia mensurar exatamente a intensidade da estiagem e todo mundo quis completar os seus estoques ao nível máximo. Os estoques foram completados, tem um equilíbrio hoje, poderá haver uma pequena queda com uma retomada, mas deve se manter em equilíbrio — concluiu Feijó.
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