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 | 29/06/2009 19h38min

Manejo e tecnologia ajudam a melhorar renda de produtores de algodão de Minas

Projeto desenvolvido pela Abrapa faz produção de algodão crescer e voltar a dar lucro

Atualizada em 30/06/2009 às 13h09min Viviane Cardoso | Brasília (DF)

Alguns pequenos agricultores do norte de Minas Gerais estão melhorando de vida. São 63 produtores que, até pouco tempo, acumulavam prejuízos por causa da seca e das pragas que destruíam as lavouras de algodão. Com um projeto desenvolvido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) em parceria com a comunidade local, a produção e a renda voltaram a crescer.

Em boa parte do ano, a chuva é escassa. Sol forte, campos secos e muitas dificuldades. No passado, os campos do norte de Minas Gerais eram brancos de plumas. Mas nos anos 90, lagartas destruíram as lavouras.

– Muita gente partiu daqui, foi embora porque não tinha como tirar o sustento, porque aquilo que era lucro voltou a ser prejuízo, você plantava e não tinha retorno – diz o produtor rural José Alves de Souza.

O próprio José Alves foi um deles. Várias vezes deixou a família em Catuti para trabalhar no corte da cana ou colheita do café em outros Estados e até como pedreiro. Mas há dois anos ele entrou no programa “Retomada do Algodão no Norte de Minas Gerais” e deu outro rumo à vida. Ele é um dos 63 agricultores de sete municípios mineiros apoiados pela Abrapa. Com orientação técnica da cooperativa local, José Alves planta uma variedade geneticamente modificada. A produção, que antes era de no máximo 30 arrobas por hectare, saltou para 230 arrobas.

– O algodão tradicional que a gente vinha plantando, às vezes, tinha que passar herbicida vinte e poucas vezes e essa aqui com três, quatro aplicações, já elimina as pragas – explica ele.

O agricultor Rodrigo Camargo Costa mora em Mato Verde, a poucos quilômetros de Catuti. A lavoura é irrigada, garantia de maior produtividade.

– Eu resolvi plantar algodão aqui pela primeira vez e irrigado para fazer um teste. O teste está aí, aprovado, com uma produção muito boa. Esta roça está com uma margem de lucro e torno de R$ 14 mil.

Para o coordenador do projeto, José Tibúrcio, a variedade de algodão geneticamente modificada, além de mais resistente a pragas, suporta períodos maiores de estiagem. Mas ele revela: no norte de Minas, o algodão é colhido mais cedo do que em outras regiões do país.

– Nós temos uma altitude de 450 metros acima do nível do mar e uma luminosidade em torno de 15 horas por dia, então favorece.

Todo o algodão produzido pelos agricultores da região de Catuti é aproveitado. A pluma é vendida para a indústria têxtil. Do caroço é extraído um óleo, que em breve deve ser transformado em biodiesel. O que sobra é o bagaço, utilizado para alimentação animal.

A planta também fornece aos animais os nutrientes necessários para suportar a seca e parte da pluma é utilizada na fabricação de roupas e produtos para a casa. A agricultora Júlia Antunes de Jesus lembra bem desse trabalho e hoje mata as saudades na velha roda de fiar.

– Vestia o marido e a casa, fazia coberta. Com as meninas, a gente dava um jeitinho aqui e outro lá e comprava umas roupinhas pra elas, mas a coberta a gente fazia tudo.

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