| 26/06/2009 19h37min
Há 50 anos, um pequeno sítio resiste à expansão urbana de Taguatinga, cidade-satélite do Distrito Federal. Os prédios não intimidam a agricultora Massae Watanabe, que aposta na produção de orgânicos. Há três anos, ela decidiu ousar e implantar sistemas agroflorestais no coração da região administrativa.
O trabalho de Massae foi conferido de perto nesta sexta, dia 26, por pesquisadores de toda a América Latina em uma visita técnica que faz parte do VII Congresso de Sistemas Agroflorestais (CBSAF), que acontece em Luziânia, em Goiás.
Nos 39 hectares, aos poucos, a produção começa a se confundir com a mata nativa.
— São sistemas que fazem um consórcio, fazem uma interação da agricultura com o cultivo de florestas, com o plantio de árvores — explicou o diretor do Instituto de Permacultura Ipoema, Eduardo Rocha.
É uma experiência que a agricultura pretende extender a toda propriedade. Segundo a dona das terras, esta é uma forma de alcançar a sustentabilidade.
— Você ganha muito em termos de espaço, em termos de ciclagem de nutrientes, em termos de cobertura morta, em termo de manejo de solo e da planta. Então, a gente só tem a ganhar — afirmou Massae.
A experiência com os sistemas agroflorestais levou a agricultora a testar outros métodos mais ecológicos, como o utilizado nesta horta: o policultivo. Na lavoura onde antes só tinha um tipo de hortaliça, agora crescem diversas variedades de alimentos.
— A gente combinou as plantas que são amigas no mesmo espaço, respeitando o espaço que elas precisam para crescer, respeitando o ciclo da cultura e o extrato que elas têm — disse a agricultora.
Consciência que também está presente no depósito da produção, feito de barro, e até na fossa do banheiro.
— Indo até uma propriedade dessas que vem trabalhando de forma sustentável, a gente consegue ver os resultados concretos para a agricultura familiar e isso a gente tende a multiplicar no Brasil — disse o engenheiro agrônomo Diogo Sobreira, do Acre.
A anfitriã faz questão de observar que está recém começando nos processos agroflorestais, e que para crescer é preciso que o consumidor faça a sua parte.
— Quando um cliente nosso que já é até amigo consome um orgânico, ele está ajudando para que o nosso trabalho possa ter continuidade.
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