| 17/06/2009 19h06min
Parlamentares e lideranças do setor rural estão preocupados com o boicote à carne produzida no norte do país. Os ruralistas temem inflação e desemprego, provocados pelo desabastecimento no mercado interno.
As denúncias do Ministério Público Federal (MPF) sobre a criação ilegal de gado em áreas da Amazônia resultou em boicote. As três maiores redes de supermercados do país suspenderam a compra de carne de frigoríficos do Pará. A produção do Estado abastece a própria região e também alguns municípios do nordeste e sudeste. Agora o setor teme que o embargo seja estendido a outras culturas e a outros Estados. Parlamentares produtores alertam para um provável desabastecimento do mercado interno e conseqüente aumento nos preços da carne.
Para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o embargo poderia ter sido evitado se as indústrias aceitassem assinar a moratória da carne, que é o acordo que estabelece suspensão da compra de bois criados em áreas desmatadas da Amazônia.
– Nós dissemos “vocês estão cometendo um erro, porque os supermercados vão reagir, os consumidores vão reagir e o Ministério Público vai reagir”. Não me ouviram, não deu outra coisa.
Mas para a bancada ruralista e representantes do setor, a situação não é tão simples assim. Segundo ele, os produtores da Amazônia estão sendo prejudicados por causa de mudanças na legislação ambiental.
– O Ministério Público Federal tem que verificar quando foi aberta esta fazenda, se há 20, 30 ou 40 anos, qual a lei que vigia e se ela estava regular ou não. Mas não foi feito isso. Simplesmente chegaram e multaram porque, na legislação atual, não tem a reserva de 80% – afirma o deputado Valdir Colatto (PMDB/SC).
Se de um lado, ambientalistas brigam na Justiça para acabar com a pecuária em áreas de preservação, de outro, parlamentares da bancada da Amazônia se mobilizam para negociar um termo de ajustamento de conduta que legalize a situação desses produtores.
– Temos que, emergencialmente, tentar junto ao Ministério Público sustar as ações civis públicas que tramitam na justiça federal e negociar um termo de ajustamento de conduta que possibilite trazer para a legalidade aqueles produtores que estão na ilegalidade e não só punir – diz o deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA).
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