| 13/06/2009 10h40min
A falta de domínio das técnicas para combater o fungo da vassoura-de-bruxa trouxe o empobrecimento da região cacaueira da Bahia e o endividamento do produtor. Em duas décadas, os cacauicultores somam mais de R$ 960 milhões em empréstimos bancários não pagos. A recuperação da lavoura cacaueira recebeu investimento, por meio do Plano de Desenvolvimento do Agronegócio na Região Cacaueira do Estado da Bahia (PAC do Cacau), que vai investir R$ 2,4 bilhões até 2016. Os recursos são direcionados às dívidas rurais, pesquisas e incremento na produção consorciada com seringueira e dendê.
As ações governamentais equacionam dívidas dos produtores, estimulam a implantação de pequenas fábricas de chocolate e cacau fino nas propriedades, por meio de associações e cooperativas.
– Dentro de pouco tempo o Brasil voltará a atingir níveis de produção compatíveis com o parque industrial do país – preconiza Jay Wallace da Silva e Motta, diretor da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).
A expectativa é que as ações resultem em um significativo impacto nos níveis de produção do principal pólo produtor do país. Outro avanço importante, será proporcionado pela instalação de pequenos projetos de processamento de cacau, que estão sendo desenvolvidos nas regiões produtoras, permitindo a exploração de um mercado com preços mais remuneradores ao produtor.
Roberto Pereira é um dos 30 mil produtores da Bahia que acreditam que o cacau trará de novo a riqueza.
– Eu fui o único 10 irmãos que continuou com a lavoura. Era o mais rico e hoje sou o mais pobre. Hoje, colhe 10 a 18 arrobas por hectare e recebe, no máximo, US$ 1,8 mil por tonelada – diz, ao lembrar que já colheu de 50 a 70 arrobas por hectare, ganhando US$ 4 mil por tonelada
A lição de casa é feita diariamente com manejo integrado da lavoura e clonagem do cacaueiro. A esperança de que tempos melhores virão, está em cada cacaueiro de Pereira – que ganham nome como as
novilhas de um pecuarista. Nessa
realidade, é possível confundir o cacauicultor com algum personagem do livro São Jorge dos Ilhéus, que o autor Jorge Amado intitulou A terra muda de dono. “..a última parte deste livro é o começo de um novo romance que os homens do cacau estão vivendo dramaticamente, e que eu não sei quem escreverá”.