| 25/05/2009 03h48min
Depois de uma reação discreta no sábado a críticas do senador Pedro Simon, o ministro da Justiça, Tarso Genro, desafiou ontem o presidente estadual do PMDB a fazer uma representação sobre o assunto à Procuradoria-Geral da República “se tiver qualquer resquício de prova ou informação”.
– O senador não precisa ter gestos dessa natureza para defender o seu partido, os seus correligionários ou a governadora que ele está preocupado em dar sustentação. Mas se ele tiver qualquer resquício de prova ou informação, o desafio a fazer uma representação na Procuradoria Geral da República, que é a autoridade com dever de vigilância sobre os ministros – afirmou o ministro.
A declaração de Tarso foi dada ontem em sua casa na Capital. Tarso chegou ao Estado na sexta-feira, e na manhã de sábado, durante encontro com prefeitos em Palmeira das Missões, soube da manifestação do senador, feita horas antes em encontro estadual do PMDB. Segundo Simon, a gravação de uma
assessora da governadora Yeda
Crusius durante investigação da Polícia Federal (PF) “é muito delicado”:
– O chefe da PF é o ministro Tarso Genro, que é candidato a governador. Está dando uma confusão que a gente não sabe até que ponto é e até que ponto não é. Essa questão vem há três anos e há três anos não para. Por que essas coisas que já existiam não apareceram há mais tempo?
No sábado, o ministro havia evitado comentar o assunto em Palmeira das Missões, explicando que preferia conhecer antes o teor das afirmações de Simon. Em tom irônico, no entanto, disse que “algumas coisas nem merecem resposta”. Ontem, ao atender a ligação de Zero Hora, Tarso pediu 10 minutos para ler a reportagem publicada pelo jornal sobre o episódio. Também pediu que a entrevista fosse gravada.
Zero Hora publicou no sábado reportagem sobre a existência de transcrições de escutas telefônicas feitas pela PF com autorização judicial nas quais a assessora do Piratini Walna Villarins Meneses conversa com Neide
Bernardes, indiciada pela Operação
Solidária, que investiga irregularidades em licitações de infraestrutura. Nos diálogos, mantidos nos dias 1º e 21 de julho de 2008, Walna fala em “flores”, “arranjo”, “bonsai” e “projeto de jardim”. Segundo o inquérito, esses termos seriam palavras de código para encobrir transação de valores. Em uma das ligações, Walna pergunta se Neide “vai a algum banco hoje” e se “aquele lá numa conta seria complicado”. O advogado de Walna, Norberto Flach, disse que sua cliente e ele desconhecem “a maior parte desses diálogos” e que a assessora “nunca tratou de assunto escuso, muito menos sobre recebimento de dinheiro”.
Entenda as etapas da crise no Piratini e saiba quem são os personagens:
ZERO HORA