| 24/05/2009 12h10min
Um material milhares de vezes mais pesado do que a água e com densidade maior do que a encontrada no interior do Sol está sendo pesquisado por cientistas no Departamento de Química da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
O objetivo do estudo é desenvolver uma fonte de energia que seja mais sustentável e ofereça menos riscos ao ambiente do que os sistemas atuais de produção de energia nuclear.
O novo material está sendo chamado de deutério ultradenso e é uma variação do isótopo do hidrogênio com número de massa igual a 2. Ele é tão pesado que um cubo de 10 centímetros de lado com o material pesaria 130 toneladas.
Até agora, o grupo do cientista conseguiu produzir apenas quantidades microscópicas do novo material. Análises indicaram que a distância entre os átomos é menor do que na matéria comum.
– O deutério ultradenso pode se mostrar um combustível muito eficiente na fusão nuclear a laser. Nosso estudo tem mostrado que é possível atingir a fusão entre núcleos de deutério por meio do uso de lasers de alta potência, processo que liberaria enormes quantidades de energia – disse Leif Holmlid, um dos autores da pesquisa.
Há tempos que tecnologias de laser têm sido testadas em deutério congelado, mas os resultados não têm sido animadores. A maior dificuldade é comprimir o deutério congelado o suficiente para atingir a alta temperatura necessária para iniciar o processo de fusão.
O deutério comum, também chamado de hidrogênio pesado, é encontrado em grandes quantidades na água e vem sendo usado em reatores nucleares convencionais na forma de água pesada (D2O).
Holmlid explica que o deutério ultradenso é milhões de vezes mais denso do que a forma congelada, o que tornaria mais fácil criar uma reação de fusão nuclear por meio de pulsos de alta potência de laser.
– Se pudermos produzir grandes quantidades de deutério ultradenso, seu processo de fusão pode se tornar a mais importante fonte de energia no futuro. E isso é algo que pode estar disponível mais cedo do que se pensa – disse Holmlid.
O cientista sueco estima ser possível, em alguns anos, modelar a fusão do deutério ultradenso de modo que a reação produza apenas hélio e hidrogênio, elementos que não oferecem risco ao ambiente.
– Com isso, não seria preciso lidar com o altamente radioativo trítio [isótopo do hidrogênio com dois nêutrons e um próton], que vem sendo pesquisado para uso em reatores de fusão. E isso implicaria que a fusão nuclear a laser, como a imaginamos, seria uma alternativa mais sustentável e menos danosa ao ambiente – afirmou.
FAPESP