| 15/05/2009 17h34min
O nível do Rio Negro atingiu nesta sexta, dia 15, 29,04 metros em Manaus (AM). A medida demonstra que faltam apenas 64 centímetros para que o Amazonas supere a cheia de 1953, a maior de todas até então ocorridas no Estado. Realizada todos os dias desde 1902, a medição do nível do Rio Negro serve de base para que se saiba como está a cheia dos rios, a cada ano, em todo o estado do Amazonas.
De acordo com a Secretaria Nacional de Defesa Civil, neste ano, o Amazonas é o Estado da Região Norte com maior número de municípios atingidos pelas enchentes. O número de desabrigados e desalojados já passa de 53 mil pessoas no Estado.
Em Manaus, a cheia também prejudicou a vida de pelo menos cinco mil pessoas. A prefeitura informou que está fazendo o acompanhamento das áreas de risco e que poderá retirar desses locais as famílias que não estão em segurança.
À margem de um dos igarapés que transbordaram na capital amazonense, Mirlene dos Santos, de 30 anos, continua trabalhando até seis horas diárias. Ela trabalha com a produção, em pequena escala, de açaí no Beco São José, localizado no Bairro da Glória, um dos mais antigos da zona oeste da capital amazonense. Os clientes de Mirlene são os próprios moradores do bairro. Ela diz que vive desse trabalho e que chega a ganhar até R$ 100 por dia.
— Eu só tenho medo mesmo de as crianças caírem na água e acontecer o pior — disse Mirlene.
Para ela, a moradia alagada não é novidade e já estão todos acostumados.
— Todos os anos, alaga aqui onde a gente vive, só que este ano a situação está pior. Todos os anos a gente vive esse dilema, já nos adaptamos a essa situação — afirmou Mirlene.
A técnica em enfermagem Anne Bernardo reclama que a Defesa Civil demora a prestar ajuda às pessoas necessitadas. Segundo ela, a madeira que está sendo doada pela prefeitura para construção de pontes sobre as áreas alagadas chega fora de época.
— As pessoas já estão dentro d’água. As providências já deveriam ter sido tomadas antes de o rio encher. Agora, a gente ouve falar que tem madeira, que a Defesa Civil já está distribuindo, mas cadê essa madeira? — questionou a técnica.
Anne lembra ainda que o trabalho dos agentes de saúde nas áreas alagadas também fica prejudicado com as enchentes.
— Tudo fica mais difícil — desabafou.
De acordo com ela, em alguns lugares não é mais possível chegar se a pessoa não tiver uma alternativa como uma canoa, por exemplo.
—Nossa segurança também fica comprometida. No meu caso, não sei nadar e sempre tenho medo quando vou a lugares onde a água já alagou tudo — completou a técnica em enfermagem.
AGÊNCIA BRASIL