| 17/05/2009 18h30min
A qualidade do Café do Cerrado foi novamente confirmada. Desta vez, o aval foi dado pela British Standards Institution (BSI) – multinacional com sede no Reino Unido – ao Conselho de Associações de Cafeicultores e Cooperativas do Cerrado (Caccer). No final de abril, o BSI recomendou o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) do Caccer para obtenção da ISO 9001.
Segundo o superintendente do Caccer, José Augusto Rizental, a ISO 9001 demonstra ao mercado que a instituição tem organização e controle necessários para garantir a excelência do produto.
– Somos pioneiros no Brasil, no segmento de entidades normativas do setor, na obtenção de um sistema de controle como a ISO – acrescenta.
O Caccer é a entidade que tem a maior quantidade de propriedades certificadas no Brasil e a segunda maior no mundo. Do ponto de vista de quem compra o produto, a ISO 9001 representa a garantia de qualidade de mais de 1 milhão de sacas de café com potencial de certificação, o que corresponde a 25% do que é produzido no cerrado mineiro.
O volume comercializado hoje é de 100 mil a 120 mil sacas de café/ano. A produção segue para Europa, Japão e EUA.
– Nos próximos dois anos queremos abrir mercado na Rússia e fortalecer as vendas nos países com os quais já negociamos – adianta Rizental.
A ISO 9001 encerra os trabalhos de base do Caccer na busca de credibilidade para a marca Café do Cerrado e orienta a expansão de mercado planejada pela instituição.
Fundado em 1993, o Caccer promove um trabalho abrangente de diferenciação e valorização do produto no mercado internacional. São três grandes frentes de atuação: certificação de propriedade, geoprocessamento e certificação de produto (origem e qualidade).
Em 2005, o Caccer conseguiu a primeira indicação geográfica para café no mundo. A região demarcada e registrada pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) inclui 3,5 mil propriedades em 55 municípios mineiros, que somam 155 mil hectares. Foi o primeiro passo para evitar o uso indiscriminado da marca Café do Cerrado.
A região está inteiramente coberta com imagens via satélite, o que permite realizar o geoprocessamento. Da área de 155 mil hectares, 20 mil já foram processadas em 170 propriedades. O trabalho permite fazer comparações e monitorar o manejo ambiental.
A certificação das propriedades garante boas práticas agrícolas, responsabilidade ambiental e social. Atualmente, 150 propriedades detêm a certificação. Já a certificação do produto une o conceito de indicação geográfica utilizado para regiões cafeicultoras ao esquema de avaliação da Associação Americana de Cafés Especiais. A Associação indica que, a partir dos 80 pontos, o café é considerado especial. A pontuação se refere a critérios sensoriais de aroma e sabor.
– Estamos iniciando, em parceria com o Sebrae/MG e o Sebrae Nacional, um processo que se chama Denominação de Origem. Vamos entrar com o pedido de registro no INPI até dezembro deste ano, e também na União Européia, até julho de 2010. A ISO vai nos ajudar na conquista da Denominhação de Origem, principalmente na União Européia, onde o conselho é muito rigoroso em relação à entidade que controla o processo – explica Rizental.
Café do Cerrado
Para levar a marca Café do Cerrado, o grão precisa ser produzido na área demarcada, numa das 150 fazendas certificadas, que seguem todos os padrões de qualidade, segurança dos alimentos, normas trabalhistas e ambientais. O resultado de todo o trabalho nas propriedades deve também ser revelado no sabor da bebida.
O Sebrae/MG apoia os processos de certificação das propriedades e de geoprocessamento. Cerca de 250 produtores da região do Cerrado mineiro são atendidos diretamente com consultorias técnicas e gerenciais do Projeto Educampo. Os produtores recebem capacitação, implementam controles e procedimentos para garantia de produção com
qualidade e são conscientizados que administram uma
empresa rural. O objetivo é tornar a atividade mais competitiva.