| 14/05/2009 20h13min
Especialistas em agronegóio debateram nesta quinta, dia 14, os reflexos causados pela crise global nas exportações brasileiras do setor. Foi em um ciclo de palestras para engenheiros agronômos que ocorreu em São Paulo.
O diretor-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), André Nassar, foi um dos palestrantes do evento. André Nassar apresentou o resultado das exportações agrícolas brasileiras nos primeiros quatro meses deste ano. Comparado com o mesmo período de 2008, houve redução de 8% na receita com os embarques. Os números refletem a queda do comércio e do PIB mundial. A tendência para o médio prazo não deve ser diferente.
De acordo com Nassar, o que deve se observar ao longo do ano é uma redução nas vendas de produtos agropecuários para os países desenvolvidos. No entanto, essa queda pode ser compensada pelos embarques para os países em desenvolvimento, que vão manter ou mesmo aumentar as compras do Brasil.
A queda nas vendas para os países desenvolvidos nesse período variaram de 5 a 23%.
— Vai se exportar menos, a questão é que, como com alimento há uma liquidez grande e o Brasil está no mercado há muito tempo, os exportadores estão tentando repor com outros mercados que estão crescendo mais, que é o caso de China e Hong Kong, que ganharam muita importância e absorvem parte da queda de Japão, Europa e Rússia — afirmou Nassar.
Outro agravante para o setor exportador no momento é a queda do dólar, que, de acordo com Nassar, deve tirar a capacidade de investimentos no futuro.
— Nós temos sim uma trajetória paulatina de valorização do real que não vai ser bom para o agronegócio e que não vai ser compensada por preços maiores em dólar — disse o diretor do Icone.
Entre os setores do agronegócio mais afetados nas vendas externas, o que mais preocupa Nassar é o das carnes, por ser mais sensível às alterações de demanda do que os grãos. Porém, outro caso importante é o mercado sucroalcoleiro. Se do lado do açúcar as exportações devem seguir positivas já que preços e demanda mundial estão em alta, o mesmo não vai ocorrer no caso do etanol. A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única) estima que sejam embarcados três bilhões de litros este ano. Em 2008, foram cinco bilhões.
— O mercado de açúcar vai continuar positivo porque os preços tão muito bons os preços internacionais do açúcar, no caso do etanol nós entendemos que não será um ano tão positivo como foi principalmente o ano passado quando nós tínhamos petróleo a US$ 140 ou US$ 150 o barril, quando nós tínhamos o preço do milho lá fora em patamares também muito elevados então nós não esperamos um cenário tão positivo — afirmou o diretor-executivo da Unica, Eduardo Leão.
Em um momento de queda nas vendas e perda receita em função do câmbio, a saída é se proteger das oscilações e, principalmente, acompanhar a movimentação do mercado. É o que declarou o diretor de agronegócios e energia da BM&F Bovespa, Ivan Wedekin.
— Se há um risco com relação ao comportamento futuro do dólar, a solução é fazer uma operação de um seguro de preço, do risco do dólar nos mercados de bolsa. Os exportadores e as cooperativas que podem ter um receio de uma queda futura da sua renda em reais podem se proteger com esse mecanismo — concluiu Wedekin.
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