| 13/05/2009 18h45min
Ainda não é neste ano que a cadeia produtiva da citricultura vai respirar aliviada. Na safra passada, o produtor estava com o custo elevado principalmente por causa dos preços do fertilizante. Nesta quarta, dia 13, um seminário em São Paulo discutiu o mercado latino-americano de sucos, incluindo a laranja.
Com a crise econômica, a demanda na Europa e nos Estados Unidos foi reduzida, interferindo diretamente na queda dos preços no cenário externo. A próxima safra também sente os efeitos negativos.
— Existe uma tendência de queda ou estabilização dessa produção durante a próxima safra — disse o consultor Walbert Santos.
A recuperação do setor é esperada para 2010, mas num ritmo bem lento. Os produtores reclamam que, atualmente, as vendas da laranja não cobrem nem o custo de produção.
— Uma safra mais complicada com relação ao preço possível que será pago, em função do preço do suco, no atual preço que está o suco, a indústria não consegue remunerar no patamar do custo de produção do produtor — completou o consultor Frederico Fonseca Lopes.
Diante deste cenário de incertezas, é possível ver duas oportunidades: estimular o consumo do suco concentrado no país e tentar abrir alguns mercados não explorados, como o da China. Mas antes problemas da cadeia produtiva precisam ser resolvidos.
— O primeiro problema seria o greening, uma doença devastadora e de custo muito alto; o segundo é o custo de produção, que aumentou muito nos últimos anos; o terceiro é a sustentabilidade econômica do produtor e da indústria; e o quarto é tentar reverter a diminuição do consumo tanto na Europa, como nos Estados Unidos — explicou o analista Maurício Mendes.
Enquanto isso, o país busca oportunidades para diversificar a produção da laranja e do suco. Novos pólos citrícolas são planejados para a região Nordeste.
Durante dois anos, a Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu um projeto para levar a produção de suco de laranja para a região do Vale do São Francisco. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que há disponível uma área de 30 mil hectares e há capacidade de produção de 100 mil toneladas por ano. O volume não deve disputar com a produção paulista, mas sim complementar. O projeto já foi apresentado às indústrias e os governos estaduais da região estão dispostos a ajudar.
— Há um ambiente propício para a realização de novos investimentos tanto para atender o mercado interno quanto o externo. E é uma região que em termos fitossanitários é privilegiada, porque é isolada. Então, você pode evitar para que pragas e doenças cheguem a esta região — concluiu o professor da USP Marcos Fava.
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