| 05/05/2009 17h52min
Os recentes recursos para o agronegócio brasileiro ainda não chegaram aos produtores. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes disse nesta terça, dia 5, que o governo está preocupado em fazer com que as linhas de crédito cheguem logo na ponta da cadeia. Ele participou do congresso Perspectivas Para o Agribusiness em 2009 e 2010, realizado pela BM&F Bovespa e Ministério da Agricultura, que discutiu as perspectivas para o agronegócio nos próximos meses e ano.
Stephanes abriu o evento mostrando que as projeções para o agronegócio antes da crise econômica eram muito boas. A turbulência no mercado não deixou de atingir o setor agrícola, que de agora em diante tem mais desafios para enfrentar. Ele ainda citou os problemas de seca nos Estados do Sul e em Mato Grosso. Mesmo assim, afirmou que a safra de inverno deve crescer entre 5% e 10% em relação ao ano passado e que a safra de verão também dá sinais positivos.
De acordo com o ministro, o maior problema para o setor produtivo ainda é fazer com que o crédito anunciado recentemente pelo governo chegue logo às mãos do produtor rural.
— Por enquanto, ainda estamos tendo esta dificuldade operacional em termos do banco fazer com que isso chegue lá na ponta — afirmou.
Segundo Stephanes, a boa notícia para o Brasil é que no ano que vem o país deve se tornar livre de aftosa. Sobre o código florestal, ele novamente afirmou que é preciso rever uma série de pontos na legislação. Se ela fosse aplicada atualmente, metade das propriedades rurais brasileiras estaria fora da lei. Além disso, um milhão de pequenas propriedades se tornaria economicamente inviáveis.
— Eu posso garantir com absoluta certeza que na elaboração de toda essa legislação, os agricultores brasileiros não participaram e o Ministro da Agricultura também não participou. Eu mesmo, logo que assumi, tomei conhecimento pelo Diário Oficial de muitas resoluções e portarias que foram emitidas pelo Meio Ambiente. Então, há necessidade de uma participação maior neste assunto daqueles que vão efetivamente cumprir a legislação — completou o ministro da Agricultura.
As lideranças do agronegócio também fizeram um balanço do plano agrícola 2008/2009. Os pontos positivos foram para a comercialização e o seguro, mas o crédito foi o principal problema enfrentado pelo setor. No plano 2009/2010, a questão do crédito ainda não deve estar totalmente resolvida.
Para o presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Carlo Lovatelli, o crédito está voltando devagar.
— Está muito seletivo, as empresas estão tentando colocar o máximo possível, os bancos também, mas a velocidade de propagação deste crédito não é compatível a demanda por parte do produtor que tem que ser mais rápido, o próprio Ministro deixou isto bem claro — declarou Lovatelli.
Já o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Edílson Guimarães, crê que as sinalizações que o governo tem são boas.
— Temos alguns problemas ainda para resolver, eu diria de novo do lado do crédito, seja do lado da fonte de recurso, seja do lado do tomador. Precisamos resolver problema de garantia e acesso ao crédito, mas do ponto de vista geral, temos uma perspectiva boa para a safra 2009/2010 — concluiu Guimarães.
Os derivativos agropecuários também ganharam destaque no evento. O diretor de commodities da BM&F Bovespa falou do crescimento de negociações de produtos como soja, milho e café nos últimos anos, porém explicou a baixa no volume de negócios desde a chegada da crise. Ivan Wedekin aproveitou para adiantar os dois novos tipos de contrato que a bolsa deve lançar ainda este ano: o de etanol hidratado e o de opção flexível para a soja.
— De maneira que o banco vai poder financiar o crédito rural para os agricultores, ao mesmo tempo oferecer ao agricultor a contratação de um seguro de preço na bolsa através deste contrato de opção — afirmou Wedekin.
No evento, a bolsa brasileira renovou uma parceria com o Banco do Brasil.
— Essa parceria que estamos renovando pelo terceiro ano consecutivo do Banco do Brasil com a BM&F Bovespa visa capacitar funcionários do banco em operações do mercado futuro — completou o vice-presidente de agronegócio do Banco do Brasil, Luís Carlos Guedes Pinto.
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