| 27/04/2009 18h23min
O analista de Carnes e Milho da SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, prevê que, a exemplo da China, primeiro país a suspender importações de carne suína do México e Estados Unidos como consequência da gripe suína, outros países deverão estabelecer medidas neste sentido, não apenas em função da questão sanitária, mas também devido à questão de mercado.
— A crise na suinocultura mexicana terá alguns reflexos imediatos no perfil do consumo interno. Será um trabalho difícil para o governo local no sentido da contenção da doença, sustentação das granjas e retomada futura do consumo interno. Até lá, abre-se espaço para que este consumo interno de 1,5 milhão de toneladas seja em parte substituído por outras carnes, como a de frango e a carne bovina — avalia o analista da Safras.
Na sua opinião, a suinocultura dos EUA e do Canadá acabarão sentindo reflexos indiretos e terão que buscar alternativas de exportações para outros destinos.
Molinari observa que se por um lado, a crise na suinocultura mexicana prejudica o setor também nos Estados Unidos, por outro abre espaço importante para o consumo de outras carnes, em particular, frango e carne bovina, com oportunidades também para o Brasil nas exportações.
Ele salienta que a decisão da China, de suspender importações de carne suína do México e Estados Unidos atinge as importações de Hong Kong, segundo maior importador de carne suína brasileira.
— Neste ponto, o quadro mexicano poderá trazer efeitos positivos para as exportações de carne suína brasileira, em um primeiro momento, via Hong Kong — defende Molinari.
No que se refere ao Brasil, o analista diz que o mercado vinha tentando abrir o mercado mexicano para a carne suína, mas encontrou fortes resistências locais e competitivas em relação aos EUA. Na carne bovina, este segmento vinha sendo discretamente aberto para o Brasil, com maior concentração de compras na carne industrializada, assim como já ocorre com o mercado norte-americano para a carne brasileira.
De acordo com o analista, o México importou no ano passado 942 toneladas de carne bovina brasileira. As importações totais do México em 2008 ficaram em 408 mil toneladas. Neste primeiro trimestre de 2009, o México importou apenas 35 toneladas de carne bovina, concentradas no segmento industrializado.
— O México ainda é um mercado novo para a carne bovina brasileira e poderá dispor de reflexos da conversão da demanda interna de carne suína para outras carnes, como a bovina, e com isto melhorar o volume de vendas do Brasil nas próximas semanas — comenta o analista de Safras.
A suinocultura mexicana dispõe de um rebanho de cerca de 10 milhões de cabeças e produz 1,1 milhão de toneladas. O México exporta cerca de 90 mil toneladas de carne suína ao ano, mas importa perto de 500 mil toneladas anuais.
AGÊNCIA SAFRAS