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 | 18/04/2009 14h07min

Chávez diz que países da Alba boicotarão declaração da Cúpula das Américas

Presidente da Venezuela anunciou que o documento não será assinado pelo grupo

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse neste sábado que os países da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) não tentarão mudar a declaração final da 5ª Cúpula das Américas, apenas não a assinarão.

Ao término da reunião dos países da União de Nações Sul-americanas (Unasul) com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, Chávez demonstrou um tom conciliador.

Em breves declarações à imprensa, o venezuelano disse que Obama é um "homem inteligente" e que quer virar "amigo" dele.

O governante acrescentou que a Venezuela e os aliados da Alba (Honduras, Dominica, Nicarágua, Bolívia e Cuba) não pretendem alterar a Declaração final, "pois não creio que haja tempo para trocá-la", mas anunciou que o documento não será assinado pelos países.

Chávez afirmou que "não imaginamos uma nova Cúpula das Américas sem Cuba", e disse que percebe "boas possibilidades" de que seja alcançada uma nova relação de Cuba com os Estados Unidos.

Em relação a uma possível aproximação entre Venezuela e Estados Unidos — ferrenhos adversários nos últimos anos —, Chávez disse que "não tem a menor dúvida" de que isso acontecerá, e ressaltou que acredita que os países deram "bons passos".

O presidente venezuelano, que hoje voltou a usar a tradicional jaqueta militar e camiseta vermelha, explicou que, pouco antes de começar a reunião, deu de presente ao líder americano o livro As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, com a dedicatória "Para Obama, com afeto":

— Ele teve um gesto (na sexta-feira), se aproximou para me cumprimentar, então pensei: vou fazer um gesto igual, me aproximei e lhe dei o livro, que é um clássico da literatura de esquerda dos anos 70.

Não foi preciso dar mais explicações, "porque ele é um homem tão inteligente que entende o sentido", ressaltou Chávez, em declarações nas quais amplificou os gestos amistosos em direção aos Estados Unidos e ao presidente americano.

— Conversamos sobre temas muito importantes, assimilei algumas ideias, houve expressões, todas emolduradas no otimismo e na melhor das vontades para avançar — destacou.

Apesar de ter ressaltado as diferenças entre Venezuela e Estados Unidos, "porque nós somos socialistas", anunciou que Caracas estuda nomear um novo embaixador venezuelano em Washington e que, "em breve, poderia começar a haver encontros".

As discussões centrais
CUBA
O presidente cubano não estará presente na reunião – o país é o único que não integra a Organização dos Estados Americanos (OEA). Nem por isso, deixará de entrar na pauta. Aliás, a situação de Cuba, que desde 1962 sofre um embargo comercial americano, deverá aparecer no discurso de muitos governantes latino-americanos – que já haviam pedido a Obama uma suavização das medidas em relação à ilha.
RELAÇÕES VENEZUELA / EUA
A Venezuela fornece cerca de 10% do petróleo importado pelos Estados Unidos. Ainda assim, os dois países viveram uma guerra de palavras durante o governo de George W. Bush, a quem o venezuelano Hugo Chávez se referiu como “diabo” em um discurso nas Nações Unidas. Sobre o atual presidente americano, Barack Obama, foi sucinto. “Ele é o líder do seu país e será um dos muitos que terei a oportunidade de conhecer”, afirmou.
CRISE ECONÔMICA
A crise econômica será o principal tema em discussão. Além de avaliar o seu impacto, os países também deverão definir medidas que podem ajudar a minimizar os efeitos da turbulência financeira. Diante da atual situação econômica dos EUA – nação onde a crise teve origem –, muitos países não estão dispostos a ouvir sermões dos americanos sobre como devem se comportar daqui para frente.

EFE

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