| 17/04/2009 20h46min
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu nesta sexta-feira "uma aliança de iguais" à América Latina, em discurso na abertura da 5ª Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, divulgado antes pela Casa Branca.
No discurso, Obama ofereceu uma nova relação com o continente e reconhece:
— Apesar de os EUA terem feito muito em favor da paz e da prosperidade no continente, às vezes também temos nos desentendido ou tentamos ditar nossas condições. Prometo que eu busco uma aliança de iguais.
— Não há um parceiro maior e outro menor em nossas relações, simplesmente há uma implicação baseada em nosso respeito mútuo, nossos interesses comuns e nossos valores compartilhados. Estou aqui para lançar um novo capítulo de aproximação que continuará durante meu mandato — completou.
O líder americano pediu uma colaboração inédita no continente para buscar uma nova prosperidade econômica e lutar contra a crise atual.
Neste sentido, prometeu "colaborar para garantir que o
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) adote os passos necessários para aumentar o nível atual de crédito e para estudar cuidadosamente as necessidades de recapitalização no futuro".
Obama expressou também compromisso com a luta contra a desigualdade e "a criação de prosperidade a partir de baixo".
O presidente americano anunciou um novo Fundo de Crescimento para o Microfinanciamento destinado ao continente, e garantiu que contribuirá para restabelecer os empréstimos às companhias.
O governante americano ressaltou ainda o interesse em uma nova cooperação no âmbito da energia e na luta contra a mudança climática.
— Proponho a criação de uma nova Aliança das Américas para a Energia e o Clima que possa forjar um progresso em direção a um futuro mais seguro e sustentável — disse.
Essa aliança, explicou, "defenderá a visão e a determinação de países como Brasil e México para promover a energia renovável e
reduzir as emissões de gases estufa, e permitirá que cada
nação possa promover a eficácia no uso de energia, compartilhar tecnologia e melhorar sua infraestrutura".
Sobre o terceiro grande assunto previsto na agenda da reunião, a segurança da população, Obama diz que buscará "medidas taxativas" para reduzir o consumo de drogas e "para deter o fluxo de armas e de financiamento ao outro lado da fronteira sul".
O líder americano já havia feito essa promessa na quinta-feira ao governante mexicano, Felipe Calderón, durante a reunião que ambos mantiveram no México.
Obama reiterou também que pedirá ao Congresso americano que ratifique a Convenção Interamericana Contra a Fabricação e o Tráfico Ilícito de Armas de Fogo (Cifta), assinada pelo presidente Bill Clinton em 1997, mas que ainda não foi respaldada pelo Senado.
Construir uma nova aliança "levará tempo", admite o chefe da Casa Branca:
— Mas prometo que os Estados Unidos serão um amigo e parceiro, porque nosso futuro
está entrelaçado com o futuro dos povos das Américas e
estamos comprometidos a forjá-lo através de uma aproximação firme, sustentável e bem-sucedida.
As discussões centrais |
CUBA |
O presidente cubano não estará presente na reunião – o país é o único que não integra a Organização dos Estados Americanos (OEA). Nem por isso, deixará de entrar na pauta. Aliás, a situação de Cuba, que desde 1962 sofre um embargo comercial americano, deverá aparecer no discurso de muitos governantes latino-americanos – que já haviam pedido a Obama uma suavização das medidas em relação à ilha. |
RELAÇÕES VENEZUELA / EUA |
A Venezuela fornece cerca de 10% do petróleo importado pelos Estados Unidos. Ainda assim, os dois países viveram uma guerra de palavras durante o governo de George W. Bush, a quem o venezuelano Hugo Chávez se referiu como “diabo” em um discurso nas Nações Unidas. Sobre o atual presidente americano, Barack Obama, foi sucinto. “Ele é o líder do seu país e será um dos muitos que terei a oportunidade de conhecer”, afirmou. |
CRISE ECONÔMICA |
A crise econômica será o principal tema em discussão. Além de avaliar o seu impacto, os países também deverão definir medidas que podem ajudar a minimizar os efeitos da turbulência financeira. Diante da atual situação econômica dos EUA – nação onde a crise teve origem –, muitos países não estão dispostos a ouvir sermões dos americanos sobre como devem se comportar daqui para frente. |