| 14/04/2009 19h25min
Os agricultores da região sul de Mato Grosso do Sul devem encontrar dificuldades para pagar os financiamentos da safra. O problema foi a quebra na produção de soja que comprometeu significativamente a rentabilidade do setor.
Os números confirmam a estimativa dos produtores que previam uma queda acentuada na produtividade das lavouras, provocada principalmente pela estiagem prolongada. De acordo com a Conab, a produção de soja deve chegar a 4,139 milhões de toneladas, 430 mil toneladas a menos que na última safra.
Mas a conclusão da colheita pode revelar uma quebra ainda maior do que a prevista, segundo a Federação de Agricultura e Pecuária (Famasul). A estimativa da entidade é que a queda na produção possa chegar a até 600mil toneladas em todo o Estado. O que significa um prejuízo de aproximadamente R$ 450 milhões.
Com menos dinheiro, os produtores devem enfrentar dificuldades para manter em dia as parcelas dos empréstimos de investimento e custeio da safra, segundo a Famasul. Com isso, o índice de inadimplência do setor, que hoje é considerado baixo no Estado, pode aumentar.
– Com a descapitalização, muitos produtores dificilmente irão conseguir pagar os empréstimos. Desta vez não serão os produtores com histórico de renegociação, e sim aqueles que já ficaram mais de 30 anos em dia com o banco e que, pela primeira vez, enfrentarão problemas deste tipo– afirma o assessor da Famasul Lucas Galvan..
Além da quebra de safra, o aumento dos custos de produção foi outro fator que comprometeu a rentabilidade dos agricultores. Em Maracaju, um dos municípios mais atingidos pela estiagem, os gastos para cultivar um hectare de soja aumentaram 72% nos últimos três anos.
Diante destas preocupações, o gerente de agronegócio do Banco do Brasil orienta: mesmo com as perdas, é preciso calcular bem, antes de ficar em débito com a instituição financeira, já que a inadimplência implica em restrições na liberação de novos créditos.
– O produtor precisa fazer uma boa gestão do seu negócio, analisar o fluxo de caixa e acompanhar se realmente não é possível realizar o pagamento, para não enfrentar outras dificuldades de liberação de recursos na próxima safra – diz o gerente de agronegócio do BB de Mato Grosso do Sul, Loreno Budke.
Enquanto cada produtor tenta encontrar uma saída para solucionar o problema, o setor volta a colocar em pauta uma antiga reivindicação. A implantação de um seguro agrícola que atenda às necessidades da classe produtora.
O momento é de se discutir o melhoramento do seguro rural, que em situações como esta, evitaria transtornos para os produtores e também para toda a cadeia produtiva – alega o assessor da Famasul, Lucas Galvan.
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