| 07/04/2009 15h16min
Independentemente do resultado que vier a ser calculado para a atividade industrial em março, o economista chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, disse hoje que o primeiro trimestre de 2009 deve ter apresentado desempenho negativo para a indústria tanto na comparação com os últimos três meses de 2008 quanto em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Além disso, ele acredita que uma recuperação da produção só deverá vir com mais clareza no segundo semestre.
— Estamos em uma transição para um período de recuperação no segundo semestre. Mas a recuperação ainda não deve se materializar no segundo trimestre — disse.
Castelo Branco chegou a dizer que, caso o atual nível de produção se mantenha até o final do ano, será um "desastre". O economista também concordou quando uma repórter perguntou a ele se era possível dizer que o primeiro trimestre estava perdido. Segundo a CNI, no acumulado do primeiro bimestre do ano, o faturamento da
indústria recuou 10,9% em
relação ao mesmo período do ano passado.
Além disso, considerando o chamado efeito carregamento, que leva em conta o patamar das vendas da indústria no ano passado, a CNI calcula que, para que o faturamento real neste ano seja estável em relação ao ano passado, será preciso crescer 9,3% de março até o final do ano (para compensar a queda do primeiro bimestre).
Na comparação por setores, a maior queda de faturamento no bimestre em relação aos dois primeiros meses do ano passado foi na metalurgia básica, de 42,6%. Alguns setores apresentaram alta, destacando-se o grupo batizado de outros equipamentos de transporte, com expansão de 56,1%.
Segundo Castelo Branco, essa forte alta é explicada pelo fato de este setor envolver encomendas pesadas como navios, aviões e helicópteros, cujos pedidos aos fabricantes foram feitos antes do estouro da crise. A pesquisa feita pela CNI também revelou que o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) foi de
77,8% em fevereiro, segundo menor
patamar da série histórica, iniciada em janeiro de 2003. O pior patamar até agora registrado foi de 77,7%, em julho de 2003.